Dados do Trabalho


Título

PERICARDIOCENTESE NO BRASIL DURANTE 10 ANOS: IMPACTOS DA PANDEMIA

Objetivo

O derrame pericárdico é uma complicação relatada em infecções virais, como as causadas pelos vírus Influenza e Echovirus. Desde o ínicio da pandemia, diversos relatos de caso sugeriram que a efusão pericárdica poderia ser uma das complicações cardíacas causadas pelo Sars-Cov-2. Nesse cenário, a pericardiocentese se mostra importante tanto para o diagnóstico etiológico do derrame pericárdico quanto para o tratamento quando há evolução para tamponamento cardíaco. Este trabalho possui como objetivo analisar o atual cenário de procedimentos de pericardiocentese realizados no Brasil durante 10 anos e avaliar o impacto da pandemia nos dados analisados.

Método

Realizou-se uma revisão sistemática da literatura nas bases de dados SciELO e PubMed somada a uma coleta observacional, descritiva e transversal dos dados dos procedimentos de pericardiocentese disponíveis no DATASUS - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) por um período de dez anos - janeiro de 2012 a janeiro de 2022 - avaliando valor de gastos públicos, complexidade, taxa de mortalidade, óbitos, média de permanência e caráter de atendimento. Todos os artigos incluídos foram buscados utilizando os descritores "derrame pericárdico", "Covid-19'', "pericardiocentese" e publicados entre 2020 e 2022, em inglês, em revistas com fator de impacto superior a 3,13.

Resultados

No período analisado, foram realizadas 4.662 pericardiocenteses no Brasil, representando um gasto total de R$12.059.266,02, sendo 2020 o ano responsável pelo maior valor gasto durante o período (R$1.768.062,42). Em relação ao número de procedimentos, 2020 configurou como o ano com maior número de internações (595) durante o período analisado, seguido por 2021, com 549 procedimentos. Do total de procedimentos, 688 foram realizados em caráter eletivo, 3.967 em caráter de urgência e 7 por outras causas, tendo sido todos considerados de média complexidade. A taxa de mortalidade total nos 10 anos estudados foi de 17,07, correspondendo a 796 óbitos, tendo sido 2020 o ano com taxa de mortalidade mais alta (19,50), enquanto o ano de 2018 apresentou a menor taxa de mortalidade (12,79). A taxa de mortalidade dos procedimentos eletivos foi de 11,92, enquanto os procedimentos de urgência apresentaram taxa de mortalidade de 17,97. A média de permanência da internação durante esse período foi de 9,5 dias.

Conclusões

Conforme os dados observados, o número de pericardiocenteses anuais realizadas durante o período analisado foi maior durante os anos afetados pela pandemia (2020 e 2021), colaborando assim, para sustentar a hipótese de que a infecção por Sars-Cov-2 estaria relacionada a um aumento no número de casos de derrame pericárdico.

Área

Cirurgia do Mediastino

Instituições

UNIVERSIDADE PROF. EDSON ANTÔNIO VELANO (UNIFENAS) - Minas Gerais - Brasil

Autores

BRUNA FARIA SIQUEIRA VIEIRA RABELO, LEONARDO MOREIRA MIGUEL VIEIRA, ROBERTA BESSA VELOSO SILVA