Dados do Trabalho


Título

FISTULA TRAQUEOESOFAGICA COM TRATAMENTO ENDOSCOPICO: UM RELATO DE CASO

Objetivo

Difundir conhecimento sobre intervenções não invasivas, em serviço de referência, baseado em relato de caso de complicação de fístula traqueoesofágica por internação prolongada, com tratamento endoscópico.

Relato do Caso

A fístula traqueoesofágica (FTE) secundária é uma complicação rara que corresponde a uma conexão anormal entre o esôfago e a traqueia, cuja etiologia é bastante variável. Dentre as causas não malignas, a mais comum é a decorrente de lesão pela pressão do cuff em contexto de intubação. Devido ao fechamento espontâneo ser raro, é necessário tratamento intervencionista, o qual, em geral, envolve implante de stent esofágico e/ou das vias aéreas via endoscopia, ou fechamento cirúrgico.
Relato do caso: Paciente masculino, 70 anos, hipertenso, diabético, dislipidêmico e ex-tabagista (carga tabágica de 20 anos-maço). Encaminhado via SAMU, ao HC, com história de dor torácica tipicamente anginosa, associada a esforços. Recebeu medidas de IAMSSST, mas evoluiu com parada cardiorrespiratória, com retorno à circulação espontânea após 13 minutos de ressuscitação cardiopulmonar, sendo intubado. Paciente permaneceu internado por dois meses, período em que permaneceu intubado por 10 dias e submetido traqueostomia (TQT), também passou a utilizar sonda nasoenteral (SNE) e evoluiu com outras complicações, como Covid-19, pneumonia associada à ventilação mecânica, pneumotórax drenado à esquerda, trombose venosa profunda, disfunção renal (KDIGO 3), fraqueza muscular e lesões por pressão. Manteve dispneia leve, por baixo fluxo de ar pela TQT, sendo então submetido à broncoscopia flexível, evidenciando estenose traqueal, às custas da parede anterolateral direita, com obstrução de 70% da luz, associada a fístula traqueoesofágica (FTE) na parede posterior, com orifício ao nível do 3º anel, com 0,5 cm de diâmetro, tamponado pela cânula da TQT. Desde a alta hospitalar, por 5 meses, o paciente manteve seguimento no HC, fez reabilitação domiciliar e foi orientado a melhorar condições clínicas e nutricionais para realizar os procedimentos cirúrgicos (correção de FTE e traqueoplastia). Em avaliação pelas equipes de Cirurgia Torácica, Pneumologia e Gastroenterologia, optou-se pelo tratamento endoscópico para fechamento da FTE por dispositivo Padlock, devido ao pequeno diâmetro, associado à baixa performance e ao elevado risco cardiológico do paciente. Após o procedimento, foi submetido a um estudo contrastado de esôfago-estômago-duodeno para avaliar introdução de dieta oral, que mostrou Padlock bem locado, contraste em via aérea até brônquio subsegmentar de lobo inferior esquerdo - sugestivo de broncoaspiração -, e ausência de orifício fistuloso, sendo liberada dieta oral e retirada de SNE. Por fim, o paciente realizou broncoscopia flexível de controle, para avaliar colocação de órtese de Montgomery, verificando-se paresia de prega vocal esquerda, desabamento de parede lateral direita no nível do 1º anel traqueal, com reação fibrótica, causando obstrução de 60% da luz, e cicatriz mucosa na parede posterior traqueal, no local prévio da FTE. Atualmente, o paciente alimenta-se por via oral, sem queixas e aguarda colocação de órtese.

Área

Cirurgia das Vias Aéreas

Instituições

Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas - São Paulo - Brasil

Autores

JULIA LUVIZOTTO, BARBARA NUNES PONTES, MARIO LUCIO FERREIRA DA SILVA, LAIANE BICHO JANEGITZ, JOSE CLAUDIO TEIXEIRA SEABRA, RICARDO KALAF MUSSI, ALÍCIA CABRAL DANIEL VICENTE , MARINA MELLO NARESSE