Título

INFUSAO ISOLADA DE LOBO PULMONAR COM DOXORRUBICINA EM LEIOMIOSSARCOMAS METASTATICOS

Objetivo

A ressecção cirúrgica é o tratamento de escolha amplamente aceito para metástases pulmonares de leiomiossarcoma (LMS), porém a taxa de sobrevida de 5 anos após a ressecção ocorre em 20 - 40% dos pacientes. A resposta ao tratamento cirúrgico somado à quimioterapia é, portanto, limitada, possivelmente devido à resistência aos fármacos e à incapacidade de promover concentrações eficazes das medicações dentro do pulmão. A infusão isolada de lobo pulmonar (IILB) surge como uma opção promissora por entregar seletivamente um agente e desviar o efluente venoso, atingindo altas doses locais, com mínima circulação sistêmica, sem efeitos colaterais graves e toxicidades.

Método

A IILB de Doxorrubicina (DR) foi realizada para tratamento de metástases pulmonares em dois pacientes: a primeira de 51 anos com diagnóstico de LMS uterino submetida à histerectomia há 4 anos, que apresentou recidiva pulmonar isolada com lesões bilaterais. Em maio de 2022, a paciente realizou metastasectomia em pulmão esquerdo e dois meses após, no direito. A IILB foi realizada via toracotomia em 4° espaço intercostal à direita, através da canulação da veia e artéria de Lobo Inferior Direito com uma solução de DR + Perfadex na concentração de 5mcg/mL com pressão inferior a 30cmH2O e após, houve a ressecção das duas lesões remanescentes. No segundo paciente, a IILB também foi realizada em um paciente de 49 anos com metástase pulmonar de LMS, sendo submetido à ressecção de lesão inguinal a esquerda em 2009, hepática e pulmonar em 2016 e pulmonar novamente em 2022. O procedimento foi realizado da mesma maneira da paciente anterior, com as mesmas concentrações. Em relação à Doxorrubicina, os fatores determinantes para predizer o quanto o tecido captará são o tempo de exposição e a concentração do quimioterápico e não a dose total utilizada. O que se sabe até o momento é que a dose máxima tolerada em humanos parece ser de 12 mcg/mL e nesse procedimento optou-se por uma dose de segurança de 5 mcg/mL.

Resultados

Há necessidade de se observar os resultados do tratamento com IILB a longo prazo, mas os dados mostram que a perfusão pulmonar é bem tolerada, reprodutível e níveis significativos da droga são alcançados em metástases e linfonodos sem toxicidade sistêmica.

Conclusões

Este é o primeiro relato de realização de IILB no país até onde sabemos. A infusão isolada de lobo pulmonar com doxorrubicina parece ser uma alternativa inovadora ao proporcionar um provável melhor prognóstico do que o tratamento habitual para pacientes com metástases pulmonares. Os benefícios quando comparados com a perfusão pulmonar total foram comprovados pela absorção de cerca de 80% de doxorrubicina na primeira passagem de infusão da droga no pulmão, sem haver a necessidade de recirculação. Estudos já sugerem que uma taxa de perfusão mais baixa pode ser favorável na utilização de menos DRdoxorrubicina nos tecidos e atingir a mesma concentração pulmonar final. Portanto, este projeto-piloto é o começo de um ensaio clínico que pode modificar a prática clínica do tratamento do LMS metastático.