Dados do Trabalho


Título

TRATAMENTO CIRURGICO DA ESTENOSE TRAQUEAL E LARINGOTRAQUEAL POS INTUBAÇAO: FATORES PROGNOSTICOS E MANEJO DE COMPLICAÇOES

Objetivo

Reportar os resultados do tratamento cirúrgico da estenose pós intubação da via aérea do HC Unicamp.
Avaliar as complicações e identificar possíveis fatores prognósticos.

Método

Estudo retrospectivo, de junho de 1990 à junho de 2019, de todos os pacientes submetidos ao tratamento cirúrgico da estenose traqueal e laringotraqueal. Informações sobre aspectos demográficos, comorbidades, aspectos da estenose, procedimentos prévios a cirurgia, tipo de cirurgia, técnica de sutura, fio de sutura, complicações, número de procedimentos adicionais foram coletados. Para testar a associação entre as variáveis foi realizado o Teste Qui Quadrado, o Teste Exato de Fisher e teste de Mann Whitney adotando 5% como critério de significância estatística para o coeficiente de correlação de Pearson.

Resultados

Cento e vinte e cinco pacientes (83,2 % sexo masc.) foram operados, com idade mediana de 26 anos (variando 12 – 71), a maioria sem comorbidades (75,2%), quarenta e dois (33,6%) dependentes de traqueostomia e os demais sintomáticos com intolerância significativa ao exercício. O procedimento na via aérea, prévio a cirurgia, mais frequentemente realizado foi a dilatação (73/58,4%). A órtese de Montgomery foi utilizada em 7 casos antes do tratamento cirúrgico. Noventa e um (72,8%) eram portadores de estenose traqueal e foram submetidos a traqueoplastia, e trinta e quatro (27,2%) portadores de estenose laringotraqueal, foram submetidos a resseção cricotraqueal parcial (10/8%), resseção cricotraqueal parcial extendida (16/12,5%) e laringotraqueoplastia com enxerto de cartilagem costal (8/6,4%). A estenose grau 3 foi a mais incidente, ocorrendo em 90 (72,0%). A extensão do acometimento variou de 1 á 6 cm, com medina de 3,5 cm. A sutura anterior separada com sutura posterior continua foi técnica escolhida em 43,5% (51casos), em 43 pacientes (36,7%) a sutura separada nos 360 graus da anastomose, e em 21 procedimentos (17,9%) foi realizada a sutura continua anterior e posterior. Verificamos em todas as cirurgias realizadas qual o fio utilizado na via aérea, em 29,6% (30) dos casos foi utilizado fio inabsorvível e em 85 (68,0%) pacientes fio absorvível. Complicações ocorreram em 34 pacientes (27,2%), mais frequentemente anastomóticas (reestenose, deiscência e tec. de granulação). Um segundo procedimento foi necessário em 23 casos (18,4%). Considerando todos os pacientes tratados, cinco apresentaram falha ao tratamento, dois pacientes foram a óbito no período pós operatório imediato. Avaliamos como possíveis fatores prognósticos: fio de sutura , tipo de sutura, dilatação e uso de órtese, antecedente de traqueostomia, local da estenose, grau de acometimento e extensão. A taxa de sucesso foi de 82,91% após um único procedimento e a taxa ao final do tratamento, após segunda abordagem foi de 94%.

Conclusões

A cirurgia para o tratamento da estenose pós intubação é segura, com elevada taxa de sucesso. A estenose laringotraqueal apresenta maior taxa de complicação que a traqueal e pior taxa de sucesso. Observamos que o tipo de sutura, o fio de sutura, a dilatação, a presença de traqueostomia e extensão ressecada não causam impacto na incidência de complicações e na taxa de sucesso.

Área

Cirurgia das Vias Aéreas

Instituições

Unicamp - São Paulo - Brasil

Autores

LUCIAHELENA MORELLO PRATA TREVISAN, BARBARA NUNES PONTES, LUIZ VON LOHRMANN CRUZ ARRAES, IVAN TORO, JOSE CLAUDIO TEIXEIRA SEABRA, RICARDO KALAF MUSSI