Dados do Trabalho


Título

LINFOMA PULMONAR COM APRESENTAÇAO TOMOGRAFICA DE NODULO EM VIDRO FOSCO: RELATO DE CASO.

Objetivo

Em linfomas pulmonares, o padrão radiológico mais comum são as consolidações, únicas ou múltiplas, comumente com presença de broncograma aéreo e, em menor frequência, como opacidade em vidro fosco (Marchiori et al. 2004). Segundo Tokuyasu et al. 2009, as áreas de opacidade em vidro fosco vistas no linfoma se devem à presença de septos alveolares expandidos e espaços perivasculares distendidos devido ao preenchimento por células neoplásicas. O objetivo do presente relato é mostrar um caso de linfoma pulmonar que apresenta-se como opacidade em vidro fosco na tomografia computadorizada de alta resolução de tórax (TCAR), incomum nessa doença.

Relato do Caso

Paciente feminina, 77 anos, não-tabagista, sem queixas respiratórias, em acompanhamento de nódulo pulmonar em vidro fosco de lobo médio há cerca de 6 anos. De comorbidade, referia hipertensão arterial sistêmica, dislipidemia e histórico de Hepatite C curada. Em 2019 havia sido solicitada uma TCAR de tórax para seguimento do nódulo, porém a paciente só a realizou em 2022, três anos depois. O último exame mostrou aumento do volume do nódulo e, por isto, a doente foi encaminhada para um cirurgião torácico. A hipótese diagnóstica do cirurgião foi de tumor primário de pulmão com indicação de ressecção cirúrgica. Foram solicitados exames para o estadiamento clínico e para a avaliação pré-operatória. Os exames laboratoriais, cardiológicos e de função pulmonar [CVF= 1,9L (77%); VEF1= 1,59L (87%)] foram normais. A RNM do crânio foi normal, mas a tomografia computadorizada por emissão de pósitrons (PET-TC) revelou um nódulo em vidro fosco com foco com consolidação central no segmento lateral do lobo médio, medindo cerca de 3,6cm (SUVmax: 4.6) e outro menor na língula medindo 1,8cm (SUVmax: 3,5). O exame mostrou também uma formação nodular com densidade de partes moles junto à aorta na transição tóraco-abdominal, medindo 1,7 x 1,2 cm (SUVmax: 5,3). Fez uma ecoesofagoscopia e biopsia do linfonodo paraaórtico e o exame citopatológico foi negativo para células neoplásicas. Depois deste resultado, a paciente foi submetida a uma lobectomia média e linfadenectomia mediastinal sistemática das cadeias linfonodais 2, 4, 7, 9 e 11, por vídeo. O exame anatomopatológico mostrou infiltrado monótono e difuso de células linfocíticas pequenas e de células plasmocitóides com atipias discretas, compatível com linfoma de MALT ou hiperplasia linfóide difusa (pneumonia intersticial linfocítica). A imunohistoquímica confirmou o diagnóstico de linfoma folicular grau 1/ 2, com painel de anticorpos CD10, CD20, CD23, BCL2 e BCL6 positivos e Ki-67 positivo 20%. Com esse diagnóstico, a doente foi encaminhada para o onco-hematologista e segue em tratamento. Ressalta-se no presente caso, que embora os nódulos subsólidos persistentes em vidro fosco puro ou com parte sólida representem na maioria das vezes um carcinoma in situ, adenocarcinoma minimamente invasivo ou invasivo, eventualmente pode ser um linfoma pulmonar, como no presente caso

Área

Oncologia Torácica

Instituições

Hospital Otoclinica - Ceará - Brasil

Autores

MARIA EDUARDA CAVALCANTE DA ROCHA, THISSIANE DOS SANTOS BEZERRA, EDELI SANTOS DE SOUSA ROCHA, JOÃO PEDRO DA SILVA BARBOSA, THAMIRIS ALMEIDA SARAIVA, FÁBIO ROCHA FERNANDES TÁVORA, ANTERO GOMES NETO