Dados do Trabalho
Título
ANALISE DE 66 PACIENTES SUBMETIDOS A LARINGOTRAQUEOPLASTIA POR DOENÇAS TRAQUEAIS BENIGNAS
Objetivo
Analisar o perfil epidemiológico dos pacientes submetidos ao tratamento cirúrgico de lesões traqueias benignas. Encontrar os fatores de risco associados a complicações cirúrgicas e mortalidade. Avaliar se os acometidos pela síndrome da angústia respiratória grave pelo coronavírus e com estenose traqueal apresentaram maior índice de complicações e mortalidade comparados a série.
Método
Estudo observacional transversal. Os dados foram retirados da revisão de prontuários entre 01/01/2018 a 31/10/2022. A amostra foi de 66 pacientes. A determinação da localização anatômica das lesões foi realizada com base em exames de fibrobroncoscopia flexível. As lesões traqueias foram divididas conforme região anatômica.
Resultados
A média de idade foi 40,2 anos, variando de 16-67. A extensão da média da estenose foi 22,5±9,7 milímetros. O tempo de intubação médio foi 15,1, de 3 a 30 dias. A média de dias de internamento pós operatório foi de 9,9 sendo 5 em unidade de terapia intensiva. 97% dos pacientes haviam sido intubados. O diagnóstico inicial que levou a necessidade da cirurgia foi analisado em 45 pacientes sendo 26,7% síndrome respiratória aguda grave por coronavírus, 22,2% trauma e 17,8% infarto agudo do miocárdio. Referente as indicações cirúrgicas: 90,9% apresentavam estenose pós intubação e 6,1% fístula traqueoesofágica. A via de acesso foi a cervical em 95,5% dos casos. O local de maior acometimento foi a região subglótica em 40,9% e terço superior traqueal em 36,4% dos casos. A taxa de complicação cirúrgica total foi de 25,8%. As principais complicações foram reestenose em 19,7% e deiscência de anastomose em 12,1%, lesão arterial ocorreu em 3%. A reetraqueoplastia foi necessária em 6,1% dos doentes e a mortalidade geral cirúrgica foi de 6,1%. As seguintes variáveis foram estudadas como potencial fator de risco para complicações (reestenoses, deiscências, necessidade de retraqueoplastia, óbito): Idade maior que 50 anos, traqueostomia, estenose subglótica, extensão da estenose, fístula traqueoesofágica, infeção por coronavírus. Nenhuma das variáveis mostrou ser fator ide risco isolado para complicações em geral, reestenoses e retraqueoplastia (p>0,05) em todas as análises. As ressecções cirúrgicas acima da 40 milímetros foi fator de risco isolado para deiscência de anastomose e a fístula traqueoesofágica para mortalidade, p=0,002 e 0,039 respectivamente.
Conclusões
O perfil de pacientes submetidos à cirurgia de laringotraqueoplastia por doenças traqueais benignas são homens na quinta década de vida. A principal doença que levou os pacientes a necessitarem do tratamento cirúrgico foi a síndrome respiratória aguda grave causada pelo coronavírus e a principal indicação cirúrgica do procedimento foi a estenose traqueal. A região subglótica foi a mais acometida pela estenose e a média de segmento ressecado da via aérea foi de 22,5 milímetros. A taxa de complicação geral, reestenoses, deiscências e mortalidade estão em concordância com a literatura mundial. E ressecções cirúrgicas com extensão acima de 40 milímetros foi fator de risco para deiscências anastomóticas. A infecção por coronavírus não mostrou ser fator de risco isolado no aumento das taxas de complicações.
Área
Cirurgia das Vias Aéreas
Instituições
HOSPITAL DO ROCIO - Paraná - Brasil
Autores
BRUNO DURANTE ALVAREZ, ALYSON ROBERTO VICENZI OSTROSKI, DIEGO DE AGUIAR KLEIN, DANTE ADRIANO DO PRADO, BRUNO CORREA DE SOUZA, ANA PAULA DA SILVA AMORIM, GIOVANNA AMBONI DOS REIS