Dados do Trabalho


Título

ATUAL DEMOGRAFIA NO PROGRAMA DE RESIDENCIA EM CIRURGIA TORACICA NO BRASIL

Objetivo

O aumento exponencial do número de mulheres nas faculdades de medicina e nos programas de residência de cirurgia geral é uma realidade mundial. Este estudo visa analisar a demografia dos programas de treinamento em cirurgia torácica na última década e identificar fatores associados ao atual predomínio de mulheres.

Método

Uma pesquisa eletrônica anônima foi enviada por e-mail a todos os médicos que ingressaram em programa de residência médica em cirurgia torácica (CT) credenciado pelo MEC em 2012, 2021 e 2022. O questionário obteve dados objetivos sobre fatores que podem ter afetado a carreira dos participantes.
Os dados foram descritos por medidas de tendência central e dispersão. Para a comparar as diferenças entre as proporções no desfecho estudado “sexo e relação com CT” (variável dependente) para amostras independentes foi realizado o teste de Qui Quadrado de Pearson (sem correção) ou teste exato de Fisher. Para medir os efeitos de associação entre exposição e desfecho foi utilizado um modelo de regressão logística. Um modelo multivariado foi ajustado, utilizando a estrutura “trocável (step-by-step)”. O nível de significância foi de alfa ≤0.05 para o IC de 95%. As análises foram realizadas no STATA 15 (Data Analysis and Statistical Software College Station, Texas, USA).

Resultados

A taxa de resposta da pesquisa foi de 86,8% (46/53) entre as mulheres e 82% (50/61) entre os homens. A média de idade ao iniciar o programa era de 29,9± 2,2 anos nas mulheres e 29 ± 2,5 anos nos homens. O tempo desde a graduação até a finalização da residência de Cirurgia Torácica foi de 5,3 ± 2 anos para mulheres e 6 ± 1,8 anos para homens.
A proporção de mulheres nos programas brasileiros de treinamento em cirurgia torácica aumentou de 32,2% (10 de 31 vagas preenchidas) em 2012 para 41,7% (15/36) em 2021 e 59,6% (28/47) em 2022, concomitantemente com o surgimento de novos programas em diferentes estados brasileiros. Além disso, mais mulheres ocuparam cargos de liderança em programas de cirurgia torácica em 2021 e 2022 (42,8% e 59%) do que em 2012 (30%).
As residentes que escolhem cirurgia torácica tiveram mais contato com a especialidade durante a graduação do que os homens (p: 0,074) e iniciaram o programa mais velhas, com 1,8 vezes mais chances de ser após 30 anos. Não houve diferença estatisticamente significante em relação a desencorajamento de terceiros ou fontes de inspiração.
Em relação aos homens, a maioria das mulheres não tinha optado por cirurgia torácica ao entrar na residência de Cirurgia Geral (p:0,124), entretanto tiveram menos dúvidas com relação ao fato de terem feito a escolha certa (p:0,025).

Conclusões

A representação de mulheres nos programas de CT no Brasil aumentou exponencialmente e, comparado aos homens, elas estão mais satisfeitas com a escolha da especialidade. Apesar do estudo não identificar uma causa direta para esse aumento, a abertura de novos centros de treinamento e o maior número de lideranças femininas na área podem ter contribuído de forma positiva.

Área

Fronteiras em Cirurgia Torácica

Instituições

Universidade Federal de Juiz de Fora - Minas Gerais - Brasil

Autores

JULIANA DIAS NASCIMENTO FERREIRA, PAULA DUARTE D'AMBROSIO, NATALIA TIBÚRCIO DE ARAÚJO , RAFAELLE TAYNAH SOARES DA SILVA, MARIA CAROLINA SANTOS MALAFAIA FERREIRA, PEDRO GUIMARÃES ROCHA LIMA, MARCUS DA MATTA ABREU, PAULA FIGUEROA UGALDE