Dados do Trabalho


Título

TRAQUEOSTOMIA: UM ESTUDO EPIDEMIOLOGICO E PERFIL POPULACIONAL NA ERA PRE E POS-COVID NO HOSPITAL DO ROCIO EM CAMPO LARGO

Objetivo

Esse estudo traz como objetivos avaliar o perfil dos pacientes submetidos a traqueostomia antes e durante a pandemia de COVID-19. Além disso, identificar quais foram as principais complicações pós-traqueostomia neste serviço e elucidar algumas características dos pacientes nos quais tais complicações ocorreram.

Método

Trata-se de um estudo observacional, transversal e comparativo dos casos de complicações e desfechos pós-traqueostomia numa amostra de pacientes submetidos a traqueostomia no Hospital do Rocio. 
A amostragem foi dividida em dois períodos históricos distintos, o primeiro intervalo (período pré-pandemia – grupo A) compreendeu o período de 01/01/2019 ao 14/03/2020; e o segundo, o período (período de pandemia – grupo B) 14/03/2020 ao 31/12/2021. Sendo a data 14/03/2020 definida como a data do primeiro caso de infecção pelo Covid-19 notificado na cidade de Campo Largo, conforme relatório da vigilância epidemiológica do município
Os pacientes incluídos neste trabalho foram todos aqueles maiores de 14 anos que tiveram as traqueostomias executadas no período acima descrito. Foram excluídos deste trabalho os pacientes que não tiveram registros completos.
Os dados foram colhidos através dos prontuários, laudos de traqueostomia e broncoscopia e dos registros internos da equipe de cirurgia torácica. Foram coletadas informações referentes ao sexo, idade, classe de diagnóstico levando a intubação, tempo de intubação e complicações decorrentes da traqueostomia. As complicações avaliadas nesse estudo foram: sangramento, pneumotórax e/ou pneumomediastino, fístula traqueoesofágica e parada cardiorrespiratória (PCR) intraprocedimento.
Todos os pacientes foram submetidos à mesma técnica de traqueostomia (técnica aberta com incisão cervical transversal), sendo realizados em leito de Unidade de Terapia Intensiva, pela equipe da cirurgia torácica e cirurgia geral do serviço. 

Resultados

Foram analisados dados de 2105 pacientes que fizeram o procedimento de traqueostomia no serviço. Após a aplicação dos critérios de exclusão foram excluídos do estudo 329 pacientes, formando um total de 1776 pacientes incluídos.
Relativo ao sexo; 45,8% (n= 815) dos pacientes são do sexo feminino e 54,1% (n= 961) do sexo masculino
Quanto a idade dos pacientes temos no grupo A uma idade média de 62,5 anos (±14,7 anos) e no grupo B de 58,2 anos (±14,4 anos). A diferença entre a média de idade foi de 7,1 anos (5,7-8,6 anos / IC 95%).
Quanto ao tempo médio de IOT antes da traqueostomia, no grupo A foi de 8,85 dias (± 3,8 dias) e no grupo B de 11,81 dias (± 4,1 dias)
Com respeito às complicações (sangramentos: 27, fistulas traqueoesofagicas: 24, pneumotorax: 11, PCR: 5) destacam-se 4% no grupo A (n=23) e 3,7% no grupo B (n=44).

Conclusões

Houveram diferenças na comparação dos grupos nos dois períodos analisados entre o tempo médio de internação, tempo médio de IOT antes da traqueostomia, porém sem alterações nos desfechos dos pacientes e no percentual de complicações. Desta forma, se destaca que o principal impacto gerado pelo COVID-19 ocorreu não em vista da complicações e desfechos de pacientes pós traqueostomia, mas sim nas características dos pacientes em si e nos protocolos utilizados para tomada de decisão

Área

Cirurgia das Vias Aéreas

Instituições

Hospital do Rocio - Paraná - Brasil

Autores

GABRIEL DE LIMA MORTEAN, ALYSON VINCENZI OSTROSKI, BRUNO CORREA SOUZA, DIEGO AGUIAR KLEIN