Dados do Trabalho


Título

ASSOCIAÇAO ENTRE INDICE DE MASSA CORPOREA E MORBIMORTALIDADE POS-CIRURGICAS EM PACIENTES COM CANCER DE PULMAO EM ESTAGIO INICIAL: EVIDENCIAS DO REGISTRO BRASILEIRO DE CANCER DE PULMAO

Objetivo

A ocorrência de câncer de pulmão, bem como a prevalência de obesidade permanecem altas no Brasil. Embora ambos representem importantes problemas de saúde, o impacto da obesidade na morbimortalidade relacionada ao tratamento cirúrgico do câncer de pulmão tem sido controverso. O objetivo deste trabalho é investigar a associação entre índice de massa corporal (IMC) e morbimortalidade pós-operatória em pacientes submetidos ao tratamento cirúrgico para o câncer de pulmão.

Método

Foram incluídos adultos com idade igual ou superior a 20 anos submetidos à ressecção cirúrgica para tratamento do câncer de pulmão em um centro participante do Registro Brasileiro de Câncer de Pulmão (RBCP). O IMC (kg/m2) foi analisado como variável contínua e categorizado em baixo peso ou normal (≤24,9), sobrepeso (25–29,9) ou obesidade (≥30). Os desfechos foram ter pelo menos uma das seis complicações cardiorrespiratórias mais comuns e mortalidade pós-operatória (óbito em até 90 dias após o procedimento). A regressão de riscos proporcionais de Cox foi utilizada e os modelos foram ajustados para idade, sexo, raça, plano de saúde, tabagismo, estágio TNM, índice de comorbidade de Charlson, tipo de cirurgia e extensão da ressecção. Foi realizada análise de subgrupo, sendo excluído participantes com baixo peso.

Resultados

Um total de 1.578 pacientes recrutados entre junho de 2009 e setembro de 2022 foram incluídos na análise. A idade média foi de 64,1 anos (DP ± 11,7); 55,3% eram mulheres; 77,2% da raça branca; 60,2% tinham plano de saúde público e 19,7% eram fumantes. A média (± DP) do IMC foi de 26,5 (± 4,8) e 21,0% foram classificados como obesos. A média (± DP) do índice de comorbidade de Charlson foi de 4,2 (± 2,0). A maioria dos participantes foi classificada em estágio precoce no momento da cirurgia (81,2%), sendo realizadas lobectomias na maioria dos procedimentos (95,6%) por técnica minimamente invasiva VATS ou RATS (59,6%) e o tipo histológico mais comum foi o adenocarcinoma (60,2%). As complicações pós-operatórias cardiorrespiratórias mais frequentes foram: pneumonia (8,5%), escape aéreo prolongado (8,0%), enfisema subcutâneo (7,1%), atelectasia (4,8%), arritmia (3,8%) e pneumotórax (3,4%). A mortalidade pós-operatória foi de 3,9% e 24,3% dos participantes tiveram pelo menos uma das seis complicações pós-operatórias mais comuns. Não houve associação significativa entre obesidade e a probabilidade de ter pelo menos uma complicação pós-operatória (HR 0,79; IC 95% 0,57, 1,08; p-valor=0,140). Não houve associação entre obesidade e mortalidade pós-operatória (HR 0,60; IC 95% 0,27, 1,31; p-valor=0,199). Na análise de subgrupo, não houve associação entre obesidade e desfechos pós-operatórios.

Conclusões

Em uma amostra multicêntrica de adultos brasileiros com câncer de pulmão submetidos ao tratamento cirúrgico, nem o aumento do IMC nem a obesidade foram associados à probabilidade de complicações cardiorrespiratórias pós-operatórias e mortalidade pós-operatória.

Área

Fronteiras em Cirurgia Torácica

Instituições

Johns Hopkins University - - United States, Universidade de São Paulo USP - São Paulo - Brasil

Autores

FABIO MAY SILVA, ANA LUIZA CURI HALLAL, FEDERICO GARCIA CIPRIANO, JEFFERSON LUIZ GROSS, LETICIA LEONE LAURICELLA, RICARDO MINGARINI TERRA, VANESSA GARCIA LARSEN