Dados do Trabalho


Título

CORREÇAO DE FISTULA TRAQUEOESOFAGICA. 30 ANOS DE EXPERIENCIA DE UM HOSPITAL DE REFERENCIA

Objetivo

Descrever a população com diagnóstico de fístula traqueoesofágica (FTE), sua abordagem e resultados cirúrgicos

Método

Estudo retrospectivo da história clínica eletrônica de 28 pacientes com diagnóstico de fístula traqueoesofágica submetidos à traqueoplastia entre janeiro de 1992 e dezembro de 2022.

Resultados

Entre os anos 1992 e 2022 foram evidenciados 28 pacientes com diagnóstico de fístula traqueoesofágica que fizeram correção cirúrgica em um tempo. A técnica cirúrgica padronizada em nossa instituição foi a ressecção traqueal (do segmento de traqueia que inclui a fístula, haja ou não estenose associada), exposta a perfuração esofágica, os bordos da fístula são ativados e suturados em sentido horizontal (a primeira linha de sutura com fio PDS 4-0 e a segunda linha com Prolene 5-0). A seguir se procede a anastomose traqueal (sutura contínua da parede posterior com PDS 4-0 e em pontos separados de Vicryl 3-0, nas paredes lateral e anterior, não sendo utilizado interposição de tecido entre a sutura esofágica e a anastomose traqueal.
Nossa série inclui 17 homens (60%) e 11 mulheres (40%). A causa mais frequente da intubação orotraqueal prolongada foi por politrauma em 9 pacientes (32%), 6 casos por COVID-19 (21,4%), 5 por sepse respiratória (17,8%), 3 por AVC (10,7%), 2 em contexto de abdome agudo com necessidade de ventilação mecânica prolongada, 1 paciente em contexto de infarto agudo de miocárdio, 1 pós-operatório de esofagectomia e 1 paciente da nossa série apresentava FTE congênita.
A apresentação clínica mais frequente foi infecção respiratória em 17 pacientes, dispneia em 10, engasgo pós-ingestão de alimentos em 10. Três pacientes apresentavam tosse ou aumento de secreção, sendo que na maioria dos casos (16 pacientes) tinham mais de um sintoma associado.
Dos 28 pacientes analisados, 14 apresentavam estenose traqueal sincrônica envolvendo a traqueia adjacente, 4 delas em topografia subglótica; Em consequência, todos os casos foram abordados por cervicotomia, um deles associado a esternotomia parcial.
Em nossa série, tivemos duas complicações graves (um óbito e um paciente precisou de esofagectomia após recidiva da fístula), 3 pacientes perderam seguimento e 18 pacientes tiveram resultados excelentes a longo prazo.

Conclusões

A reparação da fístula traqueoesofágica em tempo único (ressecção traqueal e esofagorrafia em dois planos) oferece bons resultados a curto e longo prazo para pacientes com e sem estenose traqueal associada, não sendo necessária a interposição de tecido entre a sutura esofágica e a anastomose traqueal.

Área

Cirurgia das Vias Aéreas

Instituições

Hospital Santa Casa de Misericórdia Porto Alegre - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

MARIA EMILIA CANO, FELIPE PAGNONCELLI FACHIN, HENRIQUE DE ALMEIDA SEVERO, SPENCER MARCANTONIO CAMARGO, FABIOLA ADELIA PERIN, STEPHAN ADAMOUR SODER, JOSE CARLOS FELICETTI, JOSE JESUS CAMARGO