Dados do Trabalho


Título

PERFIL CLINICO E EPIDEMIOLOGICO DE PACIENTES TRAQUEOSTOMIZADOS ATENDIDOS NO AMBULATORIO DE CIRURGIA TORACICA DO HOSPITAL UNIVERSITARIO DA UFJF

Objetivo

A traqueostomia é comumente indicada para pacientes em ventilação mecânica (VM) prolongada, obstrução de vias aéreas, lesões neurológicas e disfagia com broncoaspiração. Com a pandemia da Covid-19 e o número elevado de pacientes em VM, os benefícios da traqueostomia, as indicações e os critérios para decanulação tornaram- se temas importantes. Devido ao manejo complexo, ausência de consenso sobre as indicações e as etapas da decanulação, o estudo do perfil clínico e epidemiológico desses pacientes faz-se pertinente para analisar prevalências, identificar riscos e aprimorar o cuidado.

Método

Trata-se de um estudo observacional, retrospectivo, com análise de prontuário. Foram incluídos pacientes traqueostomizados com 18 anos ou mais, atendidos no ambulatório de Cirurgia Torácica do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora, entre 1 de janeiro de 2020 a 1 de abril de 2022. Foram analisadas as variáveis sexo, idade, indicação da traqueostomia, tempo de uso de traqueostomia até o dia da consulta, tipo de cânula no atendimento, achados da broncoscopia, conduta e desfecho do atendimento. Para o banco de dados e análise estatística foram utilizados Excel XP, o software JASP 0.16.4 e a linguagem de programação R. A relação entre a variável tempo de uso de traqueostomia e as variáveis conduta e desfecho do atendimento foi avaliada pelo teste de Kruskal-Wallis. O teste qui-quadrado de Pearson para analisar a relação entre as variáveis indicação da traqueostomia e desfecho do atendimento. Foi considerado um nível de significância de 5%.

Resultados

Dos 49 prontuários analisados 48,98% eram do sexo feminino. A idade variou de 20 a 82 anos, com média de 51 anos. O tempo médio de uso de traqueostomia registrado em 46 prontuários foi 21,5 meses. Dos atendimentos 71,4% dos pacientes realizaram broncoscopia e na conduta inicial 30,6% foram decanulados, 34,7% submetidos a troca de cânula,14,3% realizaram traqueoplastia, 6,1% correção de fístula traqueocutânea, 4% submetidos a dilatação traqueal e 10,1% submetidos a condutas clínicas. No desfecho, considerado no dia da análise, 26,5% pacientes permaneceram traqueostomizados. Ao comparar as variáveis indicação da traqueostomia e desfecho do atendimento observou-se que a variável “decanulação” está positivamente relacionada a “VM prolongada” (p=0,0095). A comparação do tempo médio de traqueostomia demonstrou diferença significativa entre as médias das variáveis “VM prolongada” e “doença neurológica” sendo 33,92 meses (IC95% 49,82;18,02) menor para “VM prolongada”.

Conclusões

Na análise do perfil clínico e epidemiológico da amostra estudada, a idade média dos pacientes traqueostomizados foi 51 anos, sem diferença significativa entre os sexos. As condutas mais prevalentes foram troca de cânula, decanulação e traqueoplastia. Sendo que de 71,4% pacientes submetidos a broncoscopia, 12 foram decanulados em seguida. Após todas medidas de propedêutica e tratamento 26,5% dos pacientes mantiveram a traqueostomia. Observou-se maior taxa de decanulação nos pacientes em VM prolongada em comparação aos demais, mas, deve-se considerar todas condutas adotadas para evitar inferência errônea de maior facilidade de decanulação nesse grupo.

Área

Cirurgia das Vias Aéreas

Instituições

UFJF-JF - Minas Gerais - Brasil

Autores

MARIANA LIMA CRISPI CARNEIRO, ROBSON GARRIDO DE PAIVA SILVA JÚNIOR , VINICIUS MORERIA DE SOUZA, LAURA MARÔCCO VALLE, MARIA LETÍCIA DA SILVA CAMPOS, MARCUS DA MATTA ABREU, JULIANA DIAS NASCIMENTO FERREIRA