Dados do Trabalho


Título

O TRAUMA TORACICO SUBMETIDO A TORACOTOMIA: UMA ANALISE EPIDEMIOLOGICA DE VINTE ANOS NO INTERIOR DO BRASIL

Objetivo

Analisar os traumas torácicos atendidos no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM)

Método

Trata-se de um estudo descritivo, observacional e retrospectivo, realizado a partir de prontuários de vítimas de trauma submetidos à toracotomia entre os anos de 2000 a 2019 no HC-UFTM. As seguintes variáveis foram analisadas: sexo, idade, raça, horário do trauma e do atendimento no Pronto Atendimento do HC-UFTM, dia da semana, mecanismo do trauma, sinais e sintomas na admissão, estruturas orgânicas afetadas, critério de indicação da toracotomia, intervenções cirúrgicas realizadas, tempo de internação, sequelas e óbitos. Os dados foram tabulados em planilha do Excel for Windows versão 2019 (12527.20482), as variáveis transformadas em números para que o software R versão 4.0.3 (2020-10-10) pudesse obter as frequências absolutas e relativas, junto da média. O trabalho foi previamente aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da UFTM através do parecer 5.136.582.

Resultados

O estudo analisou 101 pacientes, com a idade média de 29,6 anos, variando entre 0 e 79 anos, dentre os quais a maioria era do sexo masculino (86,13%). Quanto à autodeclaração de raça/cor, a maioria foi composta por pardos (47,5%). Em relação a procedência dos traumas, eles foram preponderantes de Uberaba (68,31%), cidade polo da macrorregião do Triângulo Sul e sede do HC-UFTM. Os traumas se concentraram no período noturno, das 18:00 até às 00:00 (44,55%), e também aos finais de semana (61%), de sexta a domingo. O mecanismo de trauma mais comum entre os pacientes foi o ferimento por arma branca (48%), seguido por ferimento de arma de fogo (24%), o que implicou que a maioria dos traumas fossem abertos (74,25%). As regiões mais atingidas foram o hemitórax anterior esquerdo (41,58%), seguida do hemitórax anterior direito (38,61%), o que fez dos pulmões serem os órgãos mais afetados (53,33%). O critério utilizado em 91,08% das abordagens cirúrgicas foi baseado no exame clínico, sendo o hemotórax maciço a principal indicação de toracotomia (46,53%), seguido pelo choque hipovolêmico (32,67%) e insuficiência respiratória aguda (19,80%). A toracotomia exploradora foi a cirurgia mais utilizada (62,01%), com indicações semelhantes tanto à direita, quanto à esquerda. Por outro lado, pacientes com trauma exclusivamente torácico foram minoria (35,64%), o que implicou também na cirurgia ocorrer nas primeiras 12 horas após a admissão (89,10%). O tempo médio de internação foi de aproximadamente 11 dias (10,92 dias), variando entre 1 e 97 dias. Já a taxa de mortalidade foi significativa, alcançando 28,71%. Já entre os sobreviventes, uma parcela reduzida apresentou sequelas permanentes (19,80%) , sendo as mais prevalentes a perda de segmentos pulmonares (11,88%) e a traqueostomia (3,96%).

Conclusões

O trauma torácico permanece como um dos tipos mais letais. Quando necessária, a toracotomia no trauma apresenta um perfil específico caracterizado por predominância de mecanismos penetrantes graves, que possuem importante letalidade nas primeiras horas por hemorragias. Nesse sentido, torna-se imperativo que os estudos e políticas públicas atuem na priorização do suporte hemodinâmico dessas vítimas.

Área

Trauma Torácico

Instituições

UFTM - Minas Gerais - Brasil

Autores

RENATO TALES GOMES, MARIANA FRANC GARCIA, VINICIUS HENRIQUE ALMEIDA GUIMARAES, RUBENS PERALTA JÚNIOR, RICARDO PASTORE, JOAO PAULO VIEIRA DOS SANTOS