Título

COMPLICAÇOES POR IMPACTAÇAO DE FRAGMENTO OSSEO NO ESOFAGO: RELATO DE CASO

Objetivo

Relatar o caso da ocorrência de mediastinite após perfuração esofágica devido à impactação de corpo estranho na porção cervical esofagiana negligenciado durante seis dias.

Relato do Caso

Mulher, 75 anos, diabética e hipertensa. No serviço de emergência, paciente referiu dor torácica posterior com migração anterior ao gradil costal bilateralmente e dispneia há cerca de 6 dias, após “episódio de engasgo” durante almoço. Relatou avaliação em outro serviço no dia seguinte à intercorrência alimentar, sendo liberada após imagem normal. Paciente encontrava-se afebril, hidratada, hipocorada e sem esforço respiratório em repouso, com saturação periférica de oxigênio de 94%. No exame físico identificou-se perfusão capilar periférica lentificada e frequência cardíaca de 110 bpm, sem outras anormalidades nos aparelhos cardiovascular, abdominal ou apendicular. No exame do aparelho respiratório apresentava-se com murmúrio vesicular diminuído em base direita e estertores crepitantes em base esquerda. Já na admissão foi encaminhada para realização de tomografia computadorizada (TC) e exames laboratoriais, após os quais evoluiu com piora do quadro de dispneia.
Na análise laboratorial, o hemograma apresentava série vermelha normal e leucograma com desvio à esquerda por bastões, elevação das escórias nitrogenadas e hipercalemia. Quanto à gasometria, evidenciava-se acidose metabólica.
Na TC de tórax foi visualizado fragmento ósseo na porção cervical do esôfago e sinal de perfuração, com presença de ar ao redor do órgão estendendo-se desde o pescoço até o mediastino posterior ao nível da carina, e derrame pleural direito, indicando abordagem cirúrgica. As técnicas cirúrgicas utilizadas foram cervicotomia para retirada do corpo estranho com esofagostomia, drenagem de mediastino posterior pré-esofágico e retroesofágico e drenagem de hemitórax direito. Paciente cursou com deterioração clínica importante e instabilidade hemodinâmica por choque séptico no centro de terapia intensiva durante o mês subsequente à abordagem, evoluindo a óbito.