Dados do Trabalho


Título

EXPERIENCIA EM VIDEOTORACOSCOPIA PARA TRATAMENTO DE EMPIEMA PLEURAL EM PEDIATRIA DO HOSPITAL DA CRIANÇA E MATERNIDADE / FAMERP

Objetivo

Avaliar características demográficas, dados de pré operatório e resultados pós-cirúrgicos da população pediátrica submetida à videotoracoscopia para limpeza e resolução de empiema pleural.

Método

Realizado revisão de dados do prontuário eletrônico no período de março de 2014 (inauguração do Hospital da Criança e Maternidade da FAMERP) até junho de 2022. Dos 64 casos, 18 foram excluídos por se tratarem de videotoracoscopias com outras indicações que não a resolução de derrame pleural complicado ou por falta de dados no prontuário eletrônico. Totalizando 46 pacientes dos quais foram coletados informações demográficas (sexo; idade; prematuridade; comorbidades como neuropatia, síndrome de Down ou cardiopatia congênita), consideramos dados de pré-operatório como uso de fibrinolítico, tempo da toracostomia com drenagem pleural fechada até indicação cirúrgica, método de imagem preferido; e alguns desfechos pós-operatórios como: dias em UTI; dias em enfermaria convencional; dias com dreno; necessidade de reintervenção; fuga aérea prolongada; necessidade de alta hospitalar com dreno; necessidade de reinternação dentro de 30 dias.

Resultados

As comparações de frequências foram obtidas com o Teste Exato de Fisher. Em todas as análises um foi considerado estatisticamente significativo P valor ≤ 0,05. As análises de correlação foram obtidas pelo método de correlação de Spearman.
Dos 46 pacientes, 21 homens (0,46%) e 25 mulheres (0,54%) com a média de idade de 4,32 anos. Apenas 4 neuropatas, 1 prematuro, 1 com síndrome de Down e 3 com cardiopatia congênita. Oito pacientes receberam fibrinolítico pelo dreno (alteplase) previamente, mas esses pacientes não tiveram menos tempo de UTI (p=0,7857) ou menos dias com dreno (p=0,4936). O uso de fibrinolítico também não acarretou numa chance maior de fuga aérea prolongada após a videotoracoscopia (p=0,999).
Do total da amostra, 41 pacientes (89,1%) realizaram ultrassonografia de tórax e 26 realizaram tomografia computadorizada (56,5%). Metade dos pacientes (23) realizaram US e TC antes da cirurgia. Vinte e sete pacientes apresentaram derrame à esquerda (58,7%) e apenas um caso bilateralmente. Somente em um caso também foi realizado necrosectomia/ressecção pulmonar além da limpeza e descorticação. Essa casuística teve 4 paciente com necessidade de reabordagem (por recoletar derrame estando ou não com o dreno ainda presente), 6 pacientes complicando com reinternação dentro de 30 dias, apenas um óbito devido choque séptico. Utilizando o teste Kruskal-Wallis (com pós teste de Múltiplas Comparações de Dunn) separamos os grupos do período após a drenagem não resolutiva até a realização da videotoracoscopia e identificamos que os casos que foram operados com menos de 5 dias permaneceram menos dias na uti após (p=0,0252) com média de 9,7 +- 6,4 dias contra 14,2 +- 8,5 dias, mas sem impacto no tempo de dreno após.

Conclusões

A videotoracoscopia é segura e tecnicamente precisa para resolução do derrame pleural complicado também na pediatria. Sua indicação mais precoce (dentro dos cinco primeiros dias em que se identifica que a drenagem pleural fechada isoladamente não será eficaz) traz melhor resultado com menor tempo internação em UTI no pós-operatório.

Área

Afecções Pleurais

Instituições

FAMERP / Hospital de Base - São Paulo - Brasil

Autores

ISAAC FARIA SOARES RODRIGUES, CELSO MURILO NALIO MATIAS DE FARIA, DANIELLE LOPES TEIXEIRA FERDINANDO, ADRIANO LUIS GOMES, HENRIQUE NIETMANN, MARIANA QUADROS GALVANI, THAIS DELLA ROVERI CANOVAS