Dados do Trabalho


Título

ACHADOS TOMOGRAFICOS INCIDENTAIS EM PACIENTES COM DIAGNOSTICO CONFIRMADO DE COVID-19: ESTUDO OBSERVACIONAL

Objetivo

Descrever os achados tomográficos torácicos incidentais em pacientes maiores de 18 anos, com diagnóstico laboratorial confirmado de COVID-19, admitidos no HU/UFJF no período de 1º de abril de 2020 a 7 de julho de 2021, correlacionando-os com fatores de risco para doenças torácicas e dados sociodemográficos.

Método

Trata-se de um estudo observacional retrospectivo, abrangendo 162 pacientes admitidos no setor COVID do HU/UFJF, no período de 1º de abril de 2020 a 7 de julho de 2021, com diagnóstico laboratorial confirmado de COVID-19. Descreveram-se as variáveis em frequências absolutas e relativas. A comparação da correlação entre a variável desfecho (achados tomográficos) para amostras independentes foi realizada por meio do teste qui-quadrado de Pearson (sem correção) ou Fisher quando pertinente. As variáveis preditivas “Nódulo pulmonar solitário” e “Nódulos pulmonares múltiplos” foram utilizadas na análise bivariada por apresentarem, percentualmente, maior prevalência dentre os achados tomográficos incidentais avaliados e por serem clinicamente mais significativas para o escopo deste estudo.

Resultados

Um total de 162 pacientes foram incluídos no estudo, sendo 52,5% com idade maior ou igual a 60 anos. A maioria evoluiu com alta hospitalar, com uma mortalidade intra-hospitalar de 16,1%. Dos 162 pacientes, 15,4% apresentavam nódulo pulmonar solitário; 14,8%, nódulos pulmonares múltiplos; 1,8%, massa pulmonar; 3,1%, massa mediastinal; e 9,3%, adenomegalia mediastinal. Achados como escavações, derrame pleural, enfisema, TEP, pneumotórax, doença intersticial crônica, cavitação pulmonar, aneurismas e ateromatose significativa, classificados, neste estudo, na categoria “Outros”, apresentaram resultados impactantes, com uma prevalência global de 81,5%. Este estudo demonstrou que 88,3% dos pacientes apresentavam pelo menos algum tipo de achado tomográfico incidental, sendo que 34% apresentavam 2 ou mais alterações. Durante a análise bivariada, observou-se que a prevalência de nódulo pulmonar solitário foi maior em pacientes com idade maior ou igual a 60 anos (p = 0,033), quando em comparação com os menores de 60 anos. Em relação à prevalência dos nódulos pulmonares múltiplos, observou-se que 46,2% (p= 0,004) dos pacientes portadores de DPOC apresentavam este achado tomográfico.

Conclusões

A pandemia de COVID-19 provocou uma realização maciça de tomografias de tórax ao redor do mundo, que culminou com a elevada identificação de achados tomográficos incidentais. O presente estudo apresenta certas limitações, principalmente em relação à generalização dos seus resultados, por se tratar de um estudo observacional retrospectivo com uma casuística relativamente modesta. Entretanto, pode ser considerado uma valiosa contribuição como fonte de informação inicial para que novos estudos possam ser realizados, inclusive, trazendo dados de acompanhamento dos pacientes em longo prazo, para que se possam conhecer os desfechos relacionados à identificação de achados tomográficos incidentais, possibilitando uma melhor correlação entre fatores de risco para doenças torácicas e dados sociodemográficos, além de possibilitar uma padronização de condutas e evitar procedimentos desnecessários.

Área

Oncologia Torácica

Instituições

Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF) - Minas Gerais - Brasil

Autores

CAIQUE RODRIGUES SANTOS, RAPHAEL ZIMMERMMANN CHAVES, ERICK SABBAGH HOLLANDA, LÍGIA MENEZES AMARAL, ALESSANDRA CUNHA MACHADO, MARCUS MATTA ABREU, JULIANA DIAS NASCIMENTO FERREIRA