Dados do Trabalho
Título
DESFECHOS CIRURGICOS DA DENERVAÇAO SIMPATICA CARDIACA TORACOSCOPICA NO TRATAMENTO DE CARDIOPATIAS CRONICAS GRAVES.
Objetivo
Descrever a mortalidade e incidência de complicações cirúrgicas em cardiopatas graves submetidos a denervação simpática cardíaca toracoscópica.
Método
Análise retrospectiva dos pacientes submetidos a simpatectomia como forma de tratamento de cardiopatas no período entre 2002 e 2021.
Resultados
No período, 40 pacientes foram submetidos a técnica dentre os quais observou-se predominância de homens (65%), idade média de 48,9 ± 17,3 anos e IMC de 25,1 ± 4,6 kg/m2. A fração de ejeção pré-operatória do ventrículo esquerdo média foi de 33% (24,5 – 45). As principais etiologias das cardiopatias foram: cardiomiopatia chagásica (27,5%), insuficiência cardíaca (25%) e síndrome do QT longo (15%).
As cirurgias foram realizadas em sua maioria em caráter de urgência. A técnica bilateral foi empregada em 57,5% dos procedimentos, tendo como limites de ressecção superior e inferior os gânglios G1 e G5, respectivamente. Em 65% dos casos foi utilizado dispositivo de energia avançada. Em 90% dos casos não foi necessária a colocação de drenos.
A taxa de complicações relacionadas ao procedimento foi de 10% sendo composta por dor crônica em 2 casos, enfisema de subcutâneo em 1 paciente e ptose palpebral com recuperação em três meses em 1 caso. Cerca de 95% dos pacientes tiveram alta hospitalar. A mortalidade em 30 e 90 dias foi de 7,5% e 17,5%, respectivamente.
Conclusões
Apesar da simpatectomia ter sido descrita para o tratamento de cardiopatas graves há muitas décadas, somente nos últimos vinte anos foram adotados protocolos para este fim. Tais rotinas são necessárias diante de pacientes extremamente complexos e que, em sua maioria, são operados em um cenário de arritmias não controladas, baixa fração de ejeção e em vigência de medicações em dose máxima.
Um dos principais desafios nestes casos é conduzir o período perioperatório em doentes muito limítrofes para qualquer intervenção e identificar como reduzir complicações decorrentes da necessidade de ressecção da cadeia torácica no nível G1, a qual é necessária para denervação adequada. Mesmo neste cenário, nossa série apresentou baixo índice de complicações relacionadas ao procedimento e somente um caso de síndrome de Horner, mesmo realizando a ressecção em G1 em todos os pacientes, o que não é frequentemente realizado em outros centros.
Como descrito, a maioria dos pacientes operados encontravam-se clinicamente descompensados no momento do procedimento, sem alternativas terapêuticas ou sem perspectiva de alta hospitalar. Desta forma, considerando que a maioria dos pacientes obtiveram alta hospitalar e que os óbitos em 30 dias observados na série decorreram em sua maioria de piora das condições clínicas de base, não relacionadas ao procedimento em si, sugere-se que a realização deste procedimento com segurança é factível nesta população.
A cirurgia de denervação cardíaca simpática, quando realizada em pacientes selecionados, pode representar uma opção terapêutica para cardiopatas graves. O desenvolvimento de um protocolo perioperatório pode proporcionar uma cirurgia mais segura. Entretanto, ainda é necessário explorar quais grupos de pacientes mais se beneficiam da denervação simpática.
Área
Fronteiras em Cirurgia Torácica
Instituições
FMUSP - São Paulo - Brasil
Autores
PAULO HENRIQUE PEITL GREGORIO, BRUNO JOSE MARTINI SANTOS, PAULO MANUEL PÊGO-FERNANDES