Dados do Trabalho
Título
AVALIAÇAO DA COBERTURA VACINAL DE BCG NO BRASIL ENTRE 2019 E 2023, FRENTE AO DESABASTECIMENTO DO IMUNIZANTE NA REDE PRIVADA
Introdução
A vacina BCG é aplicada em recém-nascidos para protegê-los contra formas graves de tuberculose. Desde 2016, o único laboratório brasileiro fabricante enfrentava problemas com normas de produção, resultando em sua interdição pela ANVISA de novembro de 2021 até os dias atuais. Desde então, o Ministério da Saúde (MS) vem importando o imunizante por meio do Fundo Rotatório da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Dessa forma, deu-se início ao racionamento do envio de vacinas aos estados, além do desabastecimento para a rede privada, gerando preocupações sobre a cobertura vacinal. Portanto, é importante avaliar a cobertura vacinal da BCG nos últimos anos e seus impactos.
Material e Método
Trata-se de um estudo descritivo, do tipo ecológico, realizado a partir dos dados veiculados ao DATASUS. As variáveis investigadas foram: imunobiológico BCG; recém-nascidos; anos investigados - 2019, 2020, 2021, 2022 e 2023; todas as regiões brasileiras.
Resultados
Em 2019, a média da cobertura vacinal no Brasil foi de 86,67%, entretanto, duas regiões atingiram a meta de 90% de cobertura vacinal: a região Norte com 91,04% e o Centro-Oeste com 93,76%; em 2020, nenhuma região brasileira atingiu a meta, sendo a região Sul com o melhor desempenho de 87,45%, e a média brasileira de 77,14%; em 2021, tivemos a pior média de cobertura brasileira dos últimos cinco anos, com 74,97%, tendo todas as regiões um desempenho abaixo de 80%, sendo o Sudeste com a menor taxa de cobertura de 71,18%; em 2022, foi observado melhora da cobertura, com a média brasileira de 90,09%, e as regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste com média de 90,44%, 96,63% e 97,54%, respectivamente. Em 2023, tivemos que da média brasileira novamente com 80,79%, e nenhuma região atingindo a meta de 90%.
Discussão e Conclusões
Os anos com piores taxas de cobertura vacinal da BCG coincidiram com a pandemia de Covid-19 (2020 e 2021), possivelmente relacionados ao impacto socioeconômico e à disseminação de desinformação durante o período. Além disso, a interrupção da produção da vacina no Brasil em 2021/2022, consequente desabastecimento da rede privada, e racionamento no SUS podem estar contribuindo para os resultados aquém do esperado, já que em 2023 houve queda da cobertura brasileira em torno 10%. Importante considerar que em 2023, houve a unificação dos diferentes sistemas utilizados para registrar as vacinas aplicadas no Brasil, tanto da rede pública quanto da rede privada, podendo este fato também ter impactado os números em 2023.
Palavras Chave
Vacina BCG; cobertura vacinal; Brasil
Área
Imunizações
Instituições
UNIC - Mato Grosso - Brasil
Autores
TATIANA LIMA DA SILVA FERNANDES, RAFAELA NUNES RAMOS, LEANNDRO MANSUR BUMLAI