Dados do Trabalho


Título

COBERTURA VACINAL EM CRIANÇAS ASSENTADAS, QUILOMBOLAS E RIBEIRINHAS DO ESTADO DE GOIAS

Introdução

A vacinação é considerada uma das medidas com melhor custo-benefício e mais efetivas dos serviços de saúde. Por outro lado, alguns grupos populacionais que vivem em isolamento geográfico e cultural, vêm apresentando baixas taxas de vacinação. Este estudo teve como objetivo avaliar as coberturas vacinais, segundo o calendário nacional de vacinação da criança para o primeiro ano de vida em crianças assentadas, quilombolas e ribeirinhas do estado de Goiás.

Material e Método

Estudo epidemiológico, coorte retrospectiva, realizado em 40 municípios de Goiás. A amostra foi formada por 616 crianças, residentes em alguma comunidade assentada, quilombola ou ribeirinha de Goiás, nascidas entre 2010 e 2017. Para o cálculo das coberturas vacinais foi considerado o percentual de crianças com esquema vacinal completo, avaliado aos 12 e 18 meses de idade, com IC de 95%. Foram consideradas as vacinas do calendário básico de vacinação do PNI. Este estudo foi aprovado pelo CEP da UFG, com CAAE nº 87784318.2.0000.5083/2021.

Resultados

No total, 616 crianças tiveram os dados vacinais avaliados, a maioria era do sexo masculino (53,7%) e pertencente à comunidade quilombola (54,7%). A cobertura vacinal completa do esquema básico para o primeiro ano de vida avaliada aos 12 meses foi de 52,4% (IC95%:48,5%-56,3%), sendo 60,6% (IC95%: 54,4%-66,4%) para as comunidades assentadas, 47,2% (IC95%: 41,9%-52,5%) para comunidades quilombolas e 42,9% (IC95%: 26,5%-60,9%) para as comunidades ribeirinhas. A cobertura vacinal completa para o primeiro ano de vida avaliada aos 18 meses foi de 57,8% (IC95%: 53,9%-61,6%), sendo que nas comunidades assentadas a cobertura vacinal completa encontrada foi de 64,9% (IC95%: 58,8%-70,6%), nas comunidades quilombolas 53,9% (IC95%: 48,0%-58,7%) e 46,4% (IC95%: 29,5%-64,2%) nas comunidades ribeirinhas.

Discussão e Conclusões

Amplas variações da cobertura vacinal foram observadas em diversas regiões do mundo e podem ser justificadas pela diversidade de vacinas recomendadas nos calendários de vacinação de cada país, tornando os programas e os esquemas vacinais mais complexos (DOMINGUES et al., 2020; SATO, 2018; TAUIL et al., 2017) além, é claro, das discrepâncias econômicas, sociais e de saúde existentes. Os resultados desse estudo apresentam um cenário desigual no acesso aos serviços de vacinação para populações rurais e tradicionais brasileiras e apontam para necessidade de estratégias que alcancem e garantam a equidade em saúde para um grupo com tradições e características distintas da população urbana do Brasil.

Palavras Chave

cobertura vacinal; população rural; esquemas de imunização; programas de imunização

Área

Imunizações

Instituições

Universidade Federal de Goiás - Goiás - Brasil

Autores

JULIANA OLIVEIRA ROQUE LIMA, KARLLA ANTONIETA AMORIM CAETANO, CLACI FÁTIMA WEIRICH ROSSO, BÁRBARA SOUZA ROCHA, VALÉRIA PAGOTTO, PAULO SERGIO SCALIZE, LEANDRO NASCIMENTO SILVA, MICHELE DIAS SILVA OLIVEIRA