Dados do Trabalho


Título

COMUNICAÇAO PLEUROPERITONEAL EM DIALISE PERITONEAL: IMPEDITIVO DE MANUTENÇAO NA TERAPIA?

Introdução

A comunicação pleuroperitoneal (CPP) é uma complicação rara, sendo um desafio diagnóstico e terapêutico em pacientes com doença renal crônica (DRC) que realizam diálise peritoneal (DP). No presente estudo descrevemos uma série de casos com essa complicação e uma revisão de literatura sobre as possíveis tipos de tratamento.

Material e Método

Análise retrospectiva de dados clínicos e radiológicos, coletados de prontuários de pacientes em DP, atendidos em um centro único especializado de DP, durante um período entre 01/2008 a 05/2023.

Resultados

O diagnóstico de CPP foi realizado em 11 de 804 pacientes (1,3%), sendo 7 do sexo feminino (63,6%). A mediana da idade foi 44 anos (Intervalo interquartil [IQQ]: 39 - 60) e do IMC 26,8kg/m² (22,8 - 30,8). A etiologia da DRC foi indeterminada em 4 casos, diabetes mellitus em 3, hipertensão arterial em 1 e glomerulonefrite em 3. Seis pacientes eram procedentes do tratamento conservador, 3 do pós transplante renal e 2 da hemodiálise, sendo a modalidade Diálise Peritoneal Automatizada (DPA) iniciada em todos eles. A mediana de tempo entre o início e a saída de DP foi 140 dias (77 - 156), sendo que o mínimo foi 25 dias. As principais queixas relatadas pelos pacientes foram: dispneia após infusão do líquido peritoneal, diminuição de ultrafiltração (UF), baixa UF ou inadequação metabólica. O diagnóstico de CPP foi feito por punção do líquido pleural após imagem de tórax (radiografia ou tomografia) identificar derrame pleural unilateral, sendo todos à direita. O fluido pleural puncionado foi transudato, com altos níveis de glicose em comparação com os níveis séricos, com celularidade normal e culturas negativas. Todos os pacientes foram convertidos para hemodiálise após o diagnóstico definitivo, e esse evento foi programado de acordo com os sintomas, prescrição da DP e diurese residual.

Discussão e Conclusões

O aparecimento da CPP é uma complicação pouco frequente em pacientes em DP, porém com alta taxa de falência de técnica. No presente estudo, essa taxa foi de 100% em menos de 6 meses de terapia. Apesar de existirem relatos de correção da CPP por fechamento direto do diafragma e/ou pleurodese, a opção por conversão para hemodiálise foi mais factível no nosso contexto. A identificação precoce e planejamento de correção é fundamental para a manutenção dos indivíduos na DP, tornando-se ainda uma modalidade disponível para aqueles que optam por ela.

Palavras Chave

Diálise Peritoneal, Comunicação Pleuroperitoneal, DP, DRC

Área

Doença renal crônica

Instituições

UNIFESP - HOSPITAL DO RIM - São Paulo - Brasil

Autores

DANIEL RIBEIRO DA ROCHA, CAMILA BARBOSA SILVA BARROS, MAÍRA DOCEMA OLIVEIRA, JULIANA SILVA LUIZ, GRAZIELE SANTOS DA FONSECA, LAYON SILVEIRA CAMPAGNARO, CLAUDIA TÓTOLI, MARIA CLÁUDIA CRUZ ANDREOLI, LÚCIO ROBERTO REQUIÃO MOURA, JOSÉ OSMAR MEDINA DE ABREU PESTANA