Dados do Trabalho
Título
ACIDENTE LONOMICO CAUSANDO HEMOLISE E DOENÇA RENAL CRONICA TERMINAL
Relato do Caso
Introdução: As lagartas da espécie Lonomia obliqua estão envolvidas em diversos acidentes em áreas urbanas e rurais. No Brasil, cerca de 4 mil casos de acidentes lonômicos foram notificados nos últimos cinco anos. Lesões de pele podem ocorrer após o contato com as cerdas da lagarta. Em cerca de poucas horas podem surgir discrasias sanguíneas, hemorragias em mucosas ou intracavitárias. A injúria renal aguda (IRA), presente em 12% dos casos, e as manifestações hemorrágicas são responsáveis pela maior parte das mortes. A avaliação histológica renal é limitada nesses casos, uma vez que, devido ao alto risco de sangramento, a biópsia renal (BR) dificilmente é realizada. O objetivo deste relato de caso é descrever os principais achados histológicos renais em um acidente lonômico.
Relato de Caso: Homem, 52 anos, sem história médica pregressa, e função prévia renal normal, foi admitido no pronto-socorro em um hospital público, na cidade de São Luís - MA, com queixa de envenenamento por Lonomia obliqua com algumas horas de evolução. Ele descreve que minutos após o contato com múltiplas lagartas, desenvolveu-se uma erupção pápulo-pruriginosa no pescoço e tórax, onde teve maior exposição. Em quatro horas apresentou astenia, dores abdominais e hematomas no abdome e evoluiu para anúria. Na admissão, o paciente apresentou hemorragia digestiva alta, melena e epistaxe. A creatinina sérica era de 11,0 mg/dL e uréia de 181 mg/dL. Terapia renal substitutiva (TRS) foi necessária desde o início do quadro. Soro antilonômico foi administrado 10 dias após o acidente. O nível de creatinina do paciente aumentou para 17,5 mg/dl com um aumento concomitante de ureia para 236 mg/dl, apesar da TRS. Um mês após o acidente, foi realizada a BR, que evidenciou glomérulos com alterações isquêmicas acentuadas e glomeruloesclerose global, intensa fibrose, necrose tubular aguda grave, nefrite intersticial aguda, arteriolosclerose hiperplásica, depósito de hemossiderina, na coloração Perls, e depósito de mioglobina na imunoistoquímica. Após um ano de seguimento do acidente lonômico, o paciente permaneceu com doença renal crônica (DRC), com diurese residual.
Conclusão: Descrição de alterações histológicas renais em humanos na presença de um acidente lonômico são extremamente raros. Devido à gravidade e a alta incidência de tais acidentes no Brasil, o entendimento dos mecanismos de lesão renal é necessário, como forma de compreender a progressão para DRC.
Palavras Chave
Lonomia obliqua; envenenamento; Injúria Renal Aguda; biópsia renal
Área
Injúria renal aguda
Instituições
Universidade de São Paulo - São Paulo - Brasil, Universidade Estadual Paulista - São Paulo - Brasil, Universidade Federal do Maranhão - Maranhão - Brasil
Autores
MARCOS ADRIANO GARCIA CAMPOS, EMMY MARJORIE CARVALHO ARAUJO, ANDRESSA MONTEIRO SODRÉ, LISEANA OLIVEIRA BARBOSA, ADRIANO SOARES ALVES, DYEGO JOSÉ DE ARAÚJO BRITO, JOYCE SANTOS LAGES, PEDRO ANDRIOLO CARDOSO, PRECIL DIEGO MIRANDA MENEZES NEVES, NATALINO SALGADO-FILHO, GYL EANES BARROS SILVA