Dados do Trabalho


Título

O DESAFIO NO MANEJO DA DOENÇA DE LESOES MINIMAS RECIDIVANTE: RELATO DE CASO

Relato do Caso

Introdução: A doença de lesões mínimas (DLM) é a glomerulopatia mais comum na infância, sendo responsável por cerca de 80% dos casos de síndrome nefrótica nessa população. O tratamento com corticoides é a primeira opção, em geral com boa resposta. As recidivas são comuns, e tendem a se resolver espontaneamente até a puberdade, porém em 15-25% dos casos podem persistir até a idade adulta levando a desafios no seu manejo.
Material e Método: Relato de caso baseado em revisão de prontuário.
Resultado: Paciente do sexo masculino, iniciou quadro de síndrome nefrótica em 2006, aos 3 anos de idade. Inicialmente realizado corticoide por 8 semanas, porém sem reposta satisfatória. Tentou-se então tratamento com micofenolato, e posteriormente ciclosporina, com respostas parciais. Em 2008 foi suspensa ciclosporina e reintroduzida prednisona, dessa vez com boa resposta. Manteve-se com necessidade de ciclos de corticoterapia até 2016, quando foi realizado pulso com Ciclofosfamida, permanecendo em remissão até 2019, ano em que foi necessária reintrodução da prednisona em contexto de nova recidiva. Durante todo o período descrito não houve alteração da função renal e foram realizadas 2 biópsias (2016 e 2022) com laudos para DLM. O paciente também teve o diagnóstico de osteoporose secundária ainda na infância. Em 2023 apresentou nova recidiva, sendo iniciado tacrolimus para poupar o uso do corticoide, até o momento com boa resposta.
Discussão: Em pacientes adultos com DLM e recidivas frequentes observou-se que 28% dos casos são cortico-sensíveis. Nesse contexto, o KDIGO sugere a indução de remissão com prednisona, seguida do uso de ciclofosfamida por 8 semanas. Caso haja recidiva após a ciclofosfamida é sugerido o uso de inibidores de calcineurina por um período de 1 a 2 anos, sendo que em pacientes adultos o tacrolimus tem maior eficácia e menor nefrotoxicidade quando comparado a ciclosporina. Estudos retrospectivos observacionais sugerem que o uso de rituximabe pode reduzir a taxa de recidivas/ano, poupar o uso de corticóides e imunossupressores com bom perfil de segurança, porém ainda são necessários estudos controlados randomizados para assegurar sua eficiência.
Conclusão: Os casos de pacientes com DLM com recidivas frequentes seguem sendo um desafio para os Nefrologistas e Nefropediatras. O rituximabe tem-se mostrado promissor, porém necessita de mais estudos e é uma medicação ainda pouco disponível no Sistema Único de Saúde.

Palavras Chave

doença de lesões mínimas, síndrome nefrótica, podocitopatias, tacrolimus

Área

Doenças do glomérulo

Instituições

Faculdade de Medicina do ABC - São Paulo - Brasil

Autores

MARCELA PETROUCIC NUNES, THAISSA ALINE DO AMARAL, LETICIA ESCAMES, LARISSA ANDRADE FIGUEIREDO, ANDRÉ KATAGUIRI, DANIEL RINALDI DOS SANTOS, RONALDO ROBERTO BERGAMO, THIAGO GOMES ROMANO, RICARDO EUGÊNIO MARIANI BURDELIS