Dados do Trabalho

Título

EPIDEMIOLOGIA DA INJURIA RENAL AGUDA EM IDOSOS INTERNADOS EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA EM HOSPITAL TERCIARIO

Introdução

A idade avançada é fator de risco para Injúria Renal Aguda (IRA), termo que enfatiza insulto renal que leva a declínio abrupto na filtração glomerular. Melo et al. (2020) ressaltaram que tal condição afeta até 50% dos pacientes de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), onde cerca de 60% dos pacientes possui idade superior a 65 anos. Diante disso, este estudo objetivou descrever clínico-laboratorialmente pacientes idosos internados em UTI de hospital terciário.

Material e Método

Estudo de caráter observacional, retrospectivo. Foram avaliados todos os pacientes com 60 anos ou mais , admitidos em UTI entre 2018 e 2019. O estudo foi aprovado por Comitê de Ética local. Diagnóstico e avaliação da gravidade da IRA foram realizados conforme os critérios do KDIGO (2012).

Resultados

Do total de 148 pacientes, 66 pacientes foram elegíveis, dos quais 48 (72,7%) tiveram pelo menos 1 episódio de IRA. A idade média dos participantes foi de 73,6 anos. Dos participantes, 69,7% eram do sexo masculino. As comorbidades mais frequentes foram Hipertensão Arterial (46,7%) e Diabetes Mellitus (39,8%). Foram submetidos à ventilação mecânica 58(87,9%) pacientes, 51 (77,3%) ao uso de vasopressores e 15 (31,2%) à diálise. Foram categorizados como KDIGO 1 25 (52,1%) dos pacientes, dos quais 10 (40%) foram a óbito, 15 (31,2%) como KDIGO 2, dos quais 14 (93,3%) foram a óbito e 8 (16,7%) como KDIGO 3, dos quais 7 (87,5%) foram a óbito, representando uma mortalidade de 64,6% entre os que desenvolveram IRA. Foram referenciados ao nefrologista 20 (41,7%) pacientes, que demorou, em média, 6 horas para acompanhamento.

Discussão e Conclusões

Os achados demonstram a gravidade dos pacientes. A mortalidade, apesar de extremamente alta, corrobora com outras populações, como a de SANTOS et al., 2020. A ausência de condições hemodinâmicas pela gravidade clínica e a idade média avançada podem ter implicado na realização de diálise apenas em 31,2% dos pacientes. A referência ao nefrologista ocorreu em 41,7% dos pacientes, mesmo com alta incidência de IRA nesta população, podendo resultar da ausência de uniformidade do uso de critérios para identificação da IRA, sobretudo na comunidade não nefrológica. Nessa coorte, que representa estudo de vida real, foi demonstrada incidência de IRA extremamente alta, assim como de mortalidade, sobretudo em KDIGO 3. Entre os que não desenvolveram IRA, a mortalidade encontrada foi quase 3 vezes menor.

Palavras Chave

Cuidados Intensivos. Referência ao Nefrologista. Mortalidade. Injúria Renal Aguda