Dados do Trabalho


Título

AVALIAÇAO DAS ALTERAÇOES MICROVASCULARES EM BIOPSIAS DE PACIENTE COM NEFRITE LUPICA: CORRELAÇAO CLINICO-HISTOLOGICA E FATORES ASSOCIADOS A PIOR PROGNOSTICO

Introdução

A nefrite lúpica (NL) é a glomerulonefrite causada pelo lúpus eritematoso sistêmico. Nos pacientes com NL, as lesões histopatológicas podem se apresentar como lesões glomerulares, túbulo-intersticiais e microvasculares. A patogênese das lesões microvasculares renais na NL não é totalmente elucidada, porém já existem evidências que estas lesões podem afetar adversamente os resultados renais em longo prazo.

Material e Método

Neste estudo foram analisadas biópsias de pacientes com nefrite lúpica realizadas no Hospital Ana Nery no período de 2017 a 2022. A população de pacientes foi dividida em dois grupos: grupo com alterações microvasculares e grupo sem alterações microvasculares. Os grupos foram comparados entre si quanto às variáveis demográficas, clínicas, laboratoriais e histológicas. Foram analisadas ainda as biópsias que continham alterações microvasculares quanto à prevalência de cada alteração, sendo estas: Microangiopatia Trombótica (MAT), Vasculopatia Lúpica Necrotizante Não-Inflamatória (VLNN); Arterioesclerose (AS); Depósito de Imunocomplexos Vasculares (DICV) e Vasculite Renal Verdadeira (VRV).

Resultados

De 122 biópsias com diagnóstico de nefrite lúpica, 58 apresentavam alterações microvasculares. Dentre essas alterações, AS foi a mais frequente, tendo sido encontrada em 38 biópsias (55,5%); seguida por VLNN (32,8%), MAT (17,2%) e VRV (8,6%). Em nossa amostra, nenhuma biópsia apresentou DICV. Os pacientes do grupo com alterações microvasculares apresentaram maior creatinina basal (2,3 x 1,1 mg/dl) e menor taxa de filtração glomerular basal (66 x 29 ml/min/1,73m²) em comparação ao grupo sem alterações vasculares (p<0,001). Além disso, foi observado também maior creatinina e menor taxa de filtração glomerular após 1 e 2 anos de acompanhamento para o grupo com alterações vasculares. No grupo com alterações vasculares, 45,7% dos pacientes apresentaram DRCT em até 2 anos de acompanhamento, enquanto no grupo sem alterações vasculares 24,4% apresentaram tal desfecho (p=0.03). Quando comparados os desfechos combinados DRCT e óbito em até 2 anos, 50% dos pacientes do grupo com alterações microvasculares apresentaram tal desfecho em comparação a 24,4% do grupo sem alterações vasculares (p=0.01).

Discussão e Conclusões

As lesões microvasculares lúpicas são relativamente comuns e sua prevalência na NL variou de 53,4% a 81,8% na literatura. Pacientes com nefrite lúpica e alterações microvasculares à biópsia renal apresentam um pior prognóstico renal quando comparados aos pacientes sem essas alterações.

Palavras Chave

Lúpus eritematoso sistêmico, nefrite lúpica, biópsia renal, alterações microvasculares, prognóstico renal.

Área

Doenças do glomérulo

Instituições

Hospital Ana Nery - Bahia - Brasil

Autores

EPITÁCIO RAFAEL DA LUZ NETO, JULIA ANDRADE SOSSAI, MARIA ANIELE PEREIRA LIMA, WASHINGTON LUIS CONRADO DOS SANTOS