Dados do Trabalho


Título

USO DE HEMODIALISE INTERMITENTE NO TRATAMENTO DE INTOXICAÇAO EXOGENA AGUDA POR ACIDO VALPROICO: UM RELATO DE CASO

Relato do Caso

Apresentação do caso: Paciente do sexo masculino, 21 anos, com quadro de transtorno depressivo grave, dependência química a sustâncias ilícitas, e tentativas prévias de autoexterminio, deu entrada na emergência após a ingestão intencional de 100 comprimidos de ácido valpróico (AVP) (dose total de 416mg/kg). Apresentava-se em regular estado geral, sonolento, com Escala de Coma de Glasgow de 11 pontos (RO:4, RV:3 RM:4), pressão arterial média 82mmHg, frequência cardíaca 115 bpm, e temperatura 37,9ºC. Aos
laboratoriais, função renal normal, sódio 143mmoL/L, potássio 4,6mmoL/L, cálcio 8,8mmoL/L sem distúrbio acidobásico ou elevação de transaminases. O paciente apresentava hiperosmolalidade (304mOsm/kg) e hiperamoniemia (119,2 mcg/dL). Dosagem sérica de AVP e L-carnitina indisponíveis no serviço, sendo indicada terapia de remoção extracorpórea. O paciente realizou única sessão de hemodiálise (HD) intermitente convencional, com melhora progressiva do nível de consciência logo após, com clareamento sustentado da amônia sérica (83,4 mcg/dL) após 48 horas.

Discussão: AVP tem sido utilizado no tratamento de epilepsia, mania aguda e transtorno bipolar. Em concentrações supraterapêuticas, a depressão do sistema nervoso central é a manifestação clínica mais comum, variando desde letargia/sonolência até coma. Outros achados podem ser taquicardia, hipotensão, hipertermia, hiperamoniemia, acidose metabólica, hiperosmolalidade, hipernatremia, hipocalcemia e hepatite tóxica. O tratamento de remoção extracorpórea é sugerido para a intoxicação grave, como quando sua concentração está acima de 1300mg/L, com edema cerebral ou choque. Pode ainda ser eficaz quando concentração acima de 900mg/L, coma, depressão respiratória com necessidade de ventilação mecânica, pH < 7,10 e encefalopatia hiperamoniêmica aguda, sendo a HD intermitente a modalidade preferida. A HD tem pouco impacto na eliminação do AVP em concentrações terapêuticas, devido ao elevado grau de ligação com proteínas (~94%). No entanto, a capacidade de remoção aumenta na intoxicação, já que os sítios de
ligação se saturam e há maior proporção da droga livre, que tem baixos peso molecular (144 daltons) e volume de distribuição, favorecendo sua remoção.

Considerações Finais: Foi relatado um caso de intoxicação por AVP com alteração neurológica e hiperamoniemia, manejado satisfatoriamente com terapia de remoção extracorpórea. Paciente recebeu alta após 5 dias de internação, com seguimento ambulatorial psiquiátrico.

Palavras Chave

Intoxicação exógena, autoexterminio, acido valproico, hiperamoniemia, hemodialise intermitente

Área

Injúria renal aguda

Instituições

Universidade Estadual Paulista - Unesp - São Paulo - Brasil

Autores

ALEX FERNANDO GUEVARA AVALOS, CATHERINE CASADEVALL BARQUET, BIANCA STEPHANIE SILVA LIMA, DAYANA BITENCOURT DIAS, PAMELA FALBO DOS REIS, WELDER ZAMONER