Dados do Trabalho

Título

ESPECTROS DE ACOMETIMENTO HISTOLOGICO EM BIOPSIAS RENAIS DE PACIENTES COM COVID-19: DADOS DO CONSORCIO BRASILEIRO PARA O ESTUDO DAS DOENÇAS RENAIS ASSOCIADAS A COVID-19

Introdução

O SARS-CoV-2, coronavírus associado à pandemia da COVID-19, é associado a acometimento multissistêmico, dentre eles respiratório, hematológico, renal e cardiovascular. A injúria renal pela COVID-19 pode acometer todos os seus compartimentos, sendo as alterações tubulares e glomerulares as mais frequentes. Descrevemos os achados das primeiras análises de biópsias renais de pacientes com COVID-19 de centros pertencentes ao Consórcio Brasileiro para o estudo das doenças renais associadas à COVID-19.

Material e Método

Realizamos uma análise integrada de dados clínicos, laboratoriais e histológicos de pacientes com diagnóstico comprovado de COVID-19, submetidos a biópsia renal por suspeita de acometimento associado ao vírus entre 2020 e 2022. Alguns pacientes com Glomerulopatia Colapsante (GC) foram submetidos a genotipagem para APOL1.

Resultados

Trata-se de uma casuística de 87 pacientes, provenientes de 16 estados do país, com maior parte das biópsias do ano de 2021 (48%) e tempo entre início dos sintomas e biópsia renal de 21 (7-60) dias. Observamos um predomínio de homens (70%), idade média de 43±17 anos, 51% hipertensos, 20% diabéticos. À biópsia renal apresentavam creatinina: 2,5 (1,4-6,7) mg/dL, proteinúria: 3,6 (1,7-6)g/dia com hematúria em 50% destes. No que tange à biópsia renal, 40% dos pacientes exibiam fibrose tubulointersticial leve (<25%) e necrose tubular aguda em 25%. As glomerulopatias mais frequentes foram as podocitopatias (38% dos casos), com a GC correspondeu a menos da metade destes (14 casos - 16%), seguidas pela Nefropatia por IgA (12,6%), microangiopatia trombótica (12,6%). Achados relevantes da nossa casuística consistem que em 17 casos (19,5%) a microangiopatia trombótica foi o diagnóstico principal ou secundário, 9% dos casos o único achado era Nefrite Intersticial Aguda, 2 casos de glomerulonefrite crescêntica anti-Membrana basal glomerular, 3 casos de Glomerulopatia do C3 e 3 casos de glomerulonefrite pós-infecciosa. Dos 11 pacientes com GC genotipados para APOL1, 73% tinham genótipo de alto-risco.

Discussão e Conclusões

O perfil do acometimento glomerular associado à COVID-19 no nosso país difere em alguns aspectos das casuísticas já publicadas. A alta taxa de miscigenação, o que confere um background genético único, talvez possa contribuir para tal singularidade perante os achados de biópsia renal.

Palavras Chave

COVID-19; Glomerulopatias; Biópsia Renal, APOL1