Dados do Trabalho
Título
USO DO POCUS NA PREVENÇAO DE HIPOTENSAO INTRADIALITICA EM PACIENTES INCIDENTES
Introdução
Hipotensão intradialítica (HID) é complicação frequente em pacientes em hemodiálise (HD) e está associada a perda de função renal residual, eventos cardiovasculares e óbito. A utilização da ultrassonografia point-of-care (POCUS) vem se mostrando uma importante ferramenta na avaliação de volemia em pacientes prevalentes em HD e na redução de HID. Contudo, nos pacientes incidentes os dados são escassos, sendo população também bastante susceptível a complicações intradialíticas. Assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar a viabilidade do uso do POCUS de rotina no nosso serviço antes do início das sessões de HD e analisar a capacidade deste predizer HID em pacientes incidentes.
Material e Método
A avaliação ultrassonográfica incluiu o diâmetro e variabilidade inspiratória da veia cava inferior e o número de linhas B em 8 campos pulmonares. HID foi definida como a presença de queda de ≥ 20 mmHg da pressão arterial sistólica (PAS) inicial menos a PAS mínima ou ≥ 10 mmHg da pressão arterial média. As avaliações com o POCUS foram feitas de rotina pré e pós as sessões de diálise por 4 semanas, com o total de 27 sessões de hemodiálise incluídas. Foram excluídos da análise os pacientes que não apresentaram janela ultrassonográfica considerada boa, os pacientes em hemodiálise devido a injúria renal aguda e os prevalentes em diálise (> 3 meses).
Resultados
HID ocorreu em 37% das sessões, com queda média de 20,4 mmHg na PAS e com ocorrência de sintomas associados a hipotensão em 2 sessões. A ultrafiltração (UF) média foi de 1,1 litros (4,7 ml/kg/h). Em 33% das sessões houve mudança da prescrição da UF desencadeada pelo POCUS, sendo a maioria das vezes redução da mesma. O maior diâmetro da veia cava inferior pré HD foi em média de 1,4 cm versus 1,1 cm pós HD e em 6 ocasiões 2 ou mais linhas B pré-HD foram visualizadas, mantendo-se em apenas 1 ocasião pós-HD. O tempo para realização do POCUS variou entre 1,5 e 5 minutos e ao comparar-se os grupos com e sem HID, não foram encontradas diferenças nas variáveis analisadas no teste t de student.
Discussão e Conclusões
Apesar da amostra pequena, foi possível observar a viabilidade do uso do POCUS nos pacientes incidentes em hemodiálise, com tempo do exame não proibitivo para uso rotineiro na prática clínica. E com sugestão de priorizar pacientes com mais risco e as primeiras sessões da semana. Infelizmente não foi encontrado na amostra analisada parâmetro capaz de predizer HID, possivelmente devido a baixa UF média, amostra pequena e avaliação não cega.
Palavras Chave
POCUS
INCIDENTES
HIPOTENSAO INTRADIALITICA
Área
Doença renal crônica
Instituições
UNIFESP - São Paulo - Brasil
Autores
CAIO OLIVEIRA BASTOS, JONATAS LOURIVAL ZANOVELI CUNHA, IGOR GOUVEIA PIETROBOM, JÚLIA FERREIRA ROCHA, GABRIELA MININEL MEDEIROS, ALEXANDRE VIZZUSO OLIVEIRA, BEATRICE BORGES SATO, ÉRIKA BEVILAQUA RANGEL, GABRIEL TEIXEIRA MONTEZUMA SALES