Dados do Trabalho


Título

DESAFIOS DO TREINAMENTO DE CUIDADORES DE PACIENTES PEDIATRICOS PARA REALIZAR DIALISE PERITONEAL AUTOMATIZADA DOMICILIAR

Introdução

A diálise peritoneal (DP) é uma modalidade de tratamento para pacientes com doença renal crônica (DRC) terminal, sendo uma ótima opção para crianças e para aqueles que residem distantes do centro de diálise. O treinamento do cuidador é um dos fatores primordiais para o sucesso da DP pediátrica, sendo fundamental na prevenção de peritonite.

Material e Método

Análise do registro padronizado e informatizado, iniciado em janeiro/2017. Treinamento: após aprovação da visita domiciliar e entrevista, um enfermeiro capacitado avalia o horário mais adequado para o cuidador. Etapa teórica: 1: Tratamento da DRC; 2: Os rins; 3: a DP; 4: Cuidados específicos; 5: Peritonite; 6: Adesão a terapia; 7: Aspectos gerais da DP; 8: Gerenciamento de ingesta de líquidos e alimentação. Etapa prática: 1: Higienização das mãos; 2: Cuidados e realização de curativos; 3: DP manual; 4: Montagem e programação do equipamento de DP automatizada.

Resultados

De janeiro/2017 a dezembro/2022 cuidadores de 31 pacientes receberam treinamento. A idade dos pacientes foi de 3,2 anos (0,6-10,3), o peso de 15 Kg (6,8-28,3) e 12 (38,5%) eram meninas. A renda familiar era de <= 2 salários mínimos em 61,3%, e 19,4% moravam a uma distância > 100 km. Foram realizados 9 encontros (7-10) com duração total de 15,5 Hs (8,7-19), no período de 5 semanas (3-7). Dez dos 31 treinamentos ocorreram no período diurno e 21 no noturno. O nº de horas de treinamento diurno foi menor que o do noturno (8 vs 17 horas, p=0,006). 21 pacientes apresentaram peritonite, cujo primeiro episódio ocorreu após 197 dias (137-334) do implante do cateter de Tenckhoff, e foram associados ao período diurno (p=0,008), sem diferença na renda familiar (p=0,597), nº de encontros (p=0,242) ou tempo de treinamento (p=0,603). O tempo em DP dos pacientes livres de peritonite foi de 430 dias (262-732). Ao final da análise, 9 pacientes permaneciam em DP por 36 meses (+-6), 12 haviam sido transferidos para hemodiálise após 11 meses (+-1,9), 9 receberam transplante renal em 21.8 meses (+-6,2) e um evoluiu para óbito em 14,2 meses.

Discussão e Conclusões

Houve intervalo relativamente grande até o primeiro episódio de peritonite, demonstrando a importância do treinamento em horário possível para o cuidador, que foi predominantemente noturno. Outros fatores associados ao contexto familiar e condição sócio-cultural econômica e ambiental tornam a exploração desse tema rico e complexo, uma oportunidade para novos estudos e inovações.

Palavras Chave

DIALISE PERITONEAL; PEDIATRIA; PERITONITE; TREINAMENTO; DOENÇA RENAL CRÔNICA

Área

Nefropediatria

Instituições

ICR FMUSP - São Paulo - Brasil

Autores

DEILANE MIRANDA, LUCIANO ALVARENGA DOS SANTOS, FLAVIA MODANEZ, ISABELA MORALES COZETO, ANDREIA WATANABE