Dados do Trabalho


Título

CRITERIO EXPANDIDO COMO RESPOSTA PARA LONGA ESPERA NA LISTA DE TRANSPLANTE: UMA DECADA DE SUCESSO

Introdução

A fila de espera por transplante renal de doador falecido no Brasil está em torno de 29 mil pessoas, segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, com um tempo médio de espera de 3 a 4 anos. A demanda por esse tipo de terapia renal substitutiva vem em aumento progressivo por conta da prevalência de fatores de risco para doença renal crônica em ascendência, tornando-se imperativa a discussão sobre a realização de mais transplantes com doadores de critério expandido.

Material e Método

Realizamos a análise de 63 prontuários médicos de pacientes submetidos a transplante renal no Hospital das Clínicas da UFMG em um período de 10 anos, associado a coleta de dados sobre os doadores dos mesmos no Sistema Nacional de Transplante, garantindo que todos os incluídos no estudo fossem de critério expandido (> 60 anos ou 50-59 anos com, pelo menos, dois dos seguintes fatores: acidente vascular cerebral, história de hipertensão arterial e creatinina sérica > 1,5mg/dl). Utilizamos os scores de Estimated Post Transplant Survival (EPTS) e de Kidney Donor Profile Index (KDPI) para termos uma previsão de taxa de mortalidade dos receptores, como o risco de perda de enxerto e comparamos esses valores com as estatísticas do estudo.

Resultados

Foi evidenciada uma média de EPTS de 36% dos receptores. De 63 transplantes renais com doadores de critério expandido, tivemos 9 óbitos de receptores com causas da morte variando de neoplasia a choque hemorrágico, com uma taxa de mortalidade de 14,29%. A média de KDPI dos nossos doadores foi de 81%, conferindo um alta probabilidade de perda de enxerto pós-transplante. No entanto, tivemos 10 perdas de enxerto, tanto agudas quanto crônicas, representando 15,87%. Em valores totais, tivemos uma taxa de sucesso de 71,42% dos nossos transplantes com doadores de critério expandido.

Discussão e Conclusões

Considerando que nossos resultados demostraram um desfecho melhor do que o estimado pelos scores de EPTS e KDPI, é necessário discutir sobre a supervalorização dessas ferramentas na hora de submeter (ou negar) um transplante renal e como os critérios do doador limitam transplantes com potencial sucesso. Precisamos de evidências mais robustas para influenciarem na escolha dos órgãos doados. A escassez de doação de rins pode ser parcialmente resolvida se houver uma inclusão maior de doadores de critério expandido, conferindo qualidade de vida aos renais crônicos e diminuindo nossa lista de espera para transplante.

Palavras Chave

transplante, critério expandido, EPTS, KDPI

Área

Transplante

Instituições

Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais - Minas Gerais - Brasil

Autores

JULIA TORRES HOLANDA, MAURICIO TORQUATO SANTOS, DARNLEY DUARTE CÔRREA, FELIPE CALVO RIBEIRO, JENAINE OLIVEIRA PAIXÃO, CRISTIANE ANDRANE YUNES, FELIPE APARECIDO PEREIRA VELOSO, LEANDRO SANTOS SILVA, LUCIANO TEIXEIRA FARIA, MARLINSON BORGES ROSARIO, RAQUEL ALVES ARRUDA