Dados do Trabalho


Título

ACOMETIMENTO DO ENXERTO RENAL PELO MIELOMA MULTIPLO: “IT’S NOT ALWAYS ABOUT IMMUNOGLOBULINS”

Relato do Caso

Introdução: O acometimento renal associado ao Mieloma Múltiplo (MM) é diverso, sendo mais comumente associado à deposição da proteína monoclonal. Entretanto, em alguns casos, o próprio tratamento da neoplasia pode desencadear alterações renais com perda progressiva de função. Relatamos um caso de Microangiopatia Trombótica associada ao Bortezomib para o tratamento de MM em pacientes transplantado renal.
Relato de Caso: Homem, 47 anos, procura serviço por dor lombar refratária a analgésicos simples há 30 dias. A tal quadro, associou-se adinamia e dispnéia. Diagnósticos prévios de transplante renal com doador falecido há 5 anos (doença de base: Doença Renal Policística Autossômica Dominante) e hipertensão bem controlada. Em uso contínuo de losartana, tacrolimus, micofenolato e prednisona. Exames laboratoriais: Hb: 7,5 g/dL, formação de “rouleaux”, creatinina 2,24 mg/dL (basal 1,5mg/dL), tacrolimus 4,6ng/mL, urina 1 com leucocitúria (336.000/ml) e hematúria (18.000/mL), sem distúrbios eletrolíticos ou ácido-básicos. Ultrassom do rim transplantado normal. Eletroforese/Imunofixação de proteínas séricas e urinárias identificaram proteína monoclonal IgG kappa. O Mielograma evidenciou medula óssea hipercelular, com 70% de plasmócitos displásicos, compatível com diagnóstico de MM. Biópsia renal evidenciava apenas necrose tubular aguda, sem imunoativação. Foi optado por suspensão da imunossupressão e tratamento do MM com esquema VDR (Bortezomib + Lenalidomida + Dexametasona). No D15 do ciclo de quimioterapia, paciente evolui com nova piora de função renal, associada a anemia e plaquetopenia, com discretos esquizócitos. Investigação de causas secundárias de glomerulopatias negativa. Complemento normal. Optamos pela realização de nova biópsia renal que evidenciou sinais de microangiopatia trombótica (MAT) em fase aguda. Perante a associação prévia de MAT e Bortezomib, optou-se pela suspensão apenas dessa droga para o tratamento do MM, com resposta hematológica favorável. Durante a internação, o paciente apresentou várias complicações infecciosas, evoluindo com perda de função do enxerto e necessidade de diálise incremental, mas com diurese em volume crescente e possibilidade de recuperação de função.
Conclusão: O tratamento ideal do MM em pacientes transplantados ainda não é completamente elucidado. O acometimento do enxerto pode ser secundário à deposição de imunoglobulinas monoclonais, mas lesões secundárias aos quimioterápicos devem sempre ser mantidas em mente.

Palavras Chave

MIELOMA MÚLTIPLO, MICROANGIOPATIA TROMBÓTICA, MAT, RIM DO MIELOMA, BIÓPSIA RENAL,

Área

Transplante

Instituições

Hospital Alemão Oswaldo Cruz - São Paulo - Brasil

Autores

MARIANA DE ANTONIO CORRADI, VICTOR AUGUSTO HAMAMOTO SATO, PRECIL DIEGO MIRANDA DE MENEZES NEVES, LIVIA BARREIRA CAVALCANTE, ERICO DE SOUZA OLIVEIRA, LEONARDO VICTOR BARBOSA PEREIRA, SARA MOHRBACHER, ALESSANDRA MARTINS BALES, MARCELLA MARTINS FREDIANI, PEDRO RENATO CHOCAIR, AMERICO LOURENÇO CUVELLO-NETO