Dados do Trabalho
Título
USO DE RITUXIMABE EM GLOMERULOPATIAS: EXPERIENCIA DE UM CENTRO UNIVERSITARIO
Introdução
As glomerulopatias são a terceira maior causa de doença renal crônica. Apesar de não ser a primeira linha de tratamento, e restrita muitas vezes a casos de refratariedade aos esquemas imunossupressores tradicionais, o uso do rituximabe (RTX) forneceu uma nova abordagem terapêutica para as diferentes glomerulopatias. O objetivo deste estudo foi avaliar o uso e resposta do RTX em pacientes com glomerulopatias em um serviço universitário especializado.
Material e Método
Foi realizado uma coorte retrospectiva, com base na análise de prontuários, durante o período de 2017-2022. Foram incluídos pacientes com: nefropatia membranosa idiopática (NMI) que persistiam com proteinúria elevada após terapia imunossupressora tradicional ou recidivaram durante o curso da doença; glomeruloesclerose segmentar e focal (GESF) em recidiva ou cortico-dependencia; nefrite lúpica (NL) em nova atividade ou cortico-dependencia e glomerulonefrite necrosante (GN) associada ao anticorpo anticitoplasma de neutrófilos (ANCA) com recidiva. Foram identificados os valores de proteinúria antes e após o tratamento com RTX dose total de 2g, aos três, seis e doze meses de seguimento.
Resultados
Foram analisados 14 pacientes, com diagnóstico de NMI em 50% (n=7), GESF em 21,4% (n=3), NL em 21,4% (n=3) e GN associada ao ANCA em 7,2% (n=1). As proteinúrias médias (desvio-padrão) anterior ao uso de RTX e de seguimento aos três, seis e doze meses foram, respectivamente, na NMI: de 10,00±3,70, 6,15±4,83, 6,50±3,21 e 4,64±2,64 g/dia; na GESF, de 7,01±4,33, 0,15±0,19, 1,13±6,04 e 5,58±7,81 g/dia; na NL, 2,60±1,98, 1,29±1,40, 0,79± 1,00 e 2,77±3,62 g/dia; e na GN associada ao ANCA, de 1,40, 0,81, 0,88 e 0,66 g/dia. Ao fim do período estudado de 12 meses, a remissão clínica manteve-se em 71,4%, com recidiva em 28,6%. Sendo destes, 28,6% dos pacientes com NMI, 33,4% com GESF e 33,4% com NL.
Discussão e Conclusões
Atualmente, há pouca evidência que corrobora com o uso de RTX em pacientes cortico-dependentes ou quando há recidivas frequentes na doença por lesão mínima e na NMI. O KDIGO 2021 de glomerulopatias já recomenda seu uso na terapia de indução de GN associada ao ANCA e na NL nos não respondedores. Neste estudo, o RTX demonstrou redução da proteinúria nas diferentes glomerulopatias, com resposta sustentada na maioria dos pacientes. Houve variação no perfil de resposta conforme as diferentes indicações nas glomerulopatias, mas o RTX mostrou-se como uma alternativa no manejo deste perfil de pacientes.
Palavras Chave
rituximabe; glomerulopatias; proteinuria
Área
Doenças do glomérulo
Instituições
UNESP - São Paulo - Brasil
Autores
FABIO MOREIRA CAMPOS, JULIA ROBERTA CONSTANTINO, WELDER ZAMONER, PAMELA FALBO DOS REIS, VANESSA DOS SANTOS SILVA