Dados do Trabalho


Título

Piora inexplicada de função renal em paciente com doença renal crônica: a importância da biópsia renal para o diagnóstico diferencial

Relato do Caso

Introdução: A Doença de IgG4 (DIgG4) é uma doença autoimune sistêmica caracterizada pela produção de auto-anticorpos contra diversos alvos. No rim a forma mais comum e acometimento se caracteriza pela nefrite intersticial com infiltração de plasmócitos IgG4 positivos. Relatamos um caso de paciente com doença renal crônica (DRC) com piora inexplicada de função renal, cuja biópsia renal revelou DIgG4.
Relato de Caso: Homem, 64 anos, portador de hipertensão há 20 anos, diabetes mellitus há 4 anos, dislipidemia e DRC 3bA1 é encaminhado por alteração aguda de função renal. Queixava-se de dispneia aos esforços nos últimos meses. Medicações em uso: losartana, hidroclorotiazida, gliclazida, empagliglozina, linagliptina, metformina e rosuvastatina. Ao exame físico, apenas sobrepreso. Exames laboratoriais: Ur: 76mg/dL, Cr: 2,3mg/dl (basal: 1,7mg/dL), CKD-EPI: 31ml/min/1,73m2 (basal: 44ml/min/1,73m2), urina 1: hemácias: 48.000/ml, proteinúria 24h: 1,2g (prévia: 700mg/dia), sem distúrbios eletrolíticos ou ácido-básicos. Sorologias virais (HBV, HCV, HIV) e VDRL negativos. Auto-anticorpos (FAN, Anti-DNA, Fator Reumatóide, ANCA) negativos, C3: 49mg/dL (consumido) e C4 normal. Sem evidências de discrasia plasmocitária. Exame de fundo de olho com retinopatia hipertensiva leve. No contexto de piora de função renal e proteinúria com consumo de complemento, realizamos biopsia renal, que evidenciou glomérulos normais e nefrite tubulointersticial crônica com componente agudo, mediada por imunocomplexos. Imunofluorescência positiva para IgG e lambda (+3/+3) e C1q e kappa (+2/+3) em membrana basal tubular. Imunohistoquímica para IgG4 positiva em 5% dos plasmócitos em interstício. Dosagem de IgG4: 527mg/dL (normal: 8-140mg/dL). A associação dos achados clínicos, laboratoriais e biópsia renal foi compatível com DIgG4. Iniciamos tratamento com prednisona 0,5mg/kg, tendo o paciente evoluído com normalização dos níveis séricos de IgG4, remissão completa da protinúria e retorno da função renal ao seu basal. Com posterior desmame do corticóide, se mantém sem sinais de recidiva da doença.
Conclusão: Em pacientes com DRC e piora de função renal inexplicada, a biópsia renal continua sendo o padrão-ouro para o diagnóstico diferencial e constitui ferramenta imprescindível para a condução clínica e tratamento adequados.

Palavras Chave

Igg4, doença renal crônica, biópsia renal

Área

Doença renal crônica

Instituições

Hospital Alemão Oswaldo Cruz - São Paulo - Brasil

Autores

MARIANA DE ANTONIO CORRADI , VICTOR AUGUSTO HAMAMOTO SATO, PRECIL DIEGO MIRANDA DE MENEZES NEVES, SARA MOHRBACHER, ERICO DE SOUZA OLIVEIRA , LIVIA BARREIRA CAVALCANTE, LEONARDO VICTOR BARBOSA PEREIRA, ALESSANDRA MARTINS BALES, MARCELLA MARTINS FREDIANI, PEDRO RENATO CHOCAIR, AMERICO LOURENÇO CUVELLO-NETO