Dados do Trabalho


Título

NEFRITE LUPICA E PROGNOSTICO RENAL A LONGO PRAZO

Introdução

Nefrite lúpica (NL) é uma importante causa de morbimortalidade nos pacientes com Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES). Aproximadamente 40% de todos os pacientes com LES apresentaram manifestações renais da doença que podem variar de pequenas anormalidades no sedimento urinário a insuficiência renal. A biópsia renal permite classificar, avaliar a gravidade e atividade da doença. A classificação histológica é definida por lesões específicas na microscopia óptica e deposição de imunocomplexos. A NL classe IV (50%) é a mais prevalente entre elas, seguida da classe III (25%) e V (20%).

Material e Método

Foram incluídos 50 pacientes de ambos os sexos, com diagnóstico de LES e NL comprovada em biópsia renal, acompanhados no ambulatório de nefrologia pediátrica. Analisados os seguintes dados: idade, sexo, tempo de doença, classe da nefrite lúpica, uso de Inibidor da Enzima Conversor de Angiotensina (IECA) e Bloqueadores dos Receptores da Angiotensina (BRA), manifestações renais e desfechos renais ( terapia renal de substituição ou transplante renal). Utilizado o teste de qui-quadrado de Person como método estatístico.

Resultados

NL como manifestação inicial da doença foi encontrado em 32% dos casos, com predomínio do sexo feminino (74%), idade média do diagnóstico do LES aos 12 anos de idade. A maioria foi classe IV (28%), seguidos da classe V (24%), classe III (12%), classe II (8%) e classe I (6%). Das alterações renais, 80% dos casos apresentavam proteinúria, 74% hematúria microscópica, 44% eram hipertensos. Desses, 10 pacientes evoluíram para terapia renal de substituição em algum momento e 1 caso necessitou de transplante renal. Observamos que as nefrites classe IV, evoluíram com pior prognóstico renal em relação ao estágio da DRC, alterações renais, e desfecho renal, mas sem valor de significância (p 0,904, p 0,729 e p 0,852, respectivamente). Dos 23 casos que fizeram uso de IECA ou BRA, 58% apresentaram melhora no sedimento urinário ou na taxa de filtração glomerular (TFG), porém sem significado estatístico (p 0,719).

Discussão e Conclusões

A frequência de pacientes com NL ao diagnóstico de LES foi maior do que a encontrada na literatura. A classe IV da NL foi a mais prevalente e relacionada a pior evolução clínica renal. Identificamos maior necessidade de diálise, podendo estar relacionado a gravidade dos pacientes analisados. O uso de IECA e BRA esteve associado com a melhora da TFG e, melhor prognóstico a longo prazo.

Palavras Chave

Lúpus Eritematoso Sistêmico, Nefrite Lúpica, Falência Renal Crônica

Área

Nefropediatria

Instituições

Universidade Federal de São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

CAMILLA DE SOUZA BRAGA, BRUNA BARBOSA PIMENTA, AMANDA VIRGINEA BATISTA CAVALCANTE, MARCELA SCHWARZ BICALHO, FLÁVIA VANESCA FELIX LEÃO, MARIA CRISTINA ANDRADE, MARIA APARECIDA DE PAULA CANÇADO