Dados do Trabalho
Título
EVOLUÇAO NUTRICIONAL E ALTERAÇOES METABOLICAS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO PRIMEIRO ANO APOS O TRANSPLANTE RENAL
Introdução
O transplante renal (TxR) é a melhor opção terapêutica para pacientes pediátricos com doença renal crônica (DRC) terminal e está relacionado a ganho de crescimento. Entretanto, o ganho excessivo de peso tem sido frequente, e esta associado a redução de sobrevida do enxerto.
Material e Método
Estudo retrospectivo observacional de 67 pacientes pediátricos com seguimento ambulatorial nos primeiros 12 meses após o TxR no período de 2014-18. Foram excluídos: síndrome genética/condições que dificultavam a avaliação antropométrica: n=4; perda do enxerto: n=4; transferência antes do primeiro ano pós-TxR: n=1; falta dos dados no prontuário: n=1. Foram considerados os parâmetros antropométricos, clínicos e bioquímicos na primeira consulta ambulatorial (T0), após 3, 6 e 12 meses (T12) do TxR.
Resultados
Foram avaliados 57 pacientes, idade de 10,37 anos (±4,65) ao TxR, 56% meninos. Doador falecido contemplou 77% dos casos, TxR preemptivo realizado em 17,5%, e a principal etiologia da DRC foi CAKUT (38,6%). Ao T0, os pacientes apresentavam z-score de Índice de Massa de Corporal para a Idade (zIMC/I) de 0,00 ±1,24, e 5,3% apresentavam magreza, 75,4% eutrofia e 19,3% excesso de peso; e o z-score de estatura (zE/I) foi de -2,09±1,2, e 59,6% apresentavam baixa estatura. No T12 observou-se aumento de zE/I para 1,78±1,09 (p<0,001) e de zIMC/I para 0,48±1,06 (p<0,001), e 33,3% dos pacientes apresentavam sobrepeso. A taxa de filtração glomerular estimada (TFGe) foi de 84mL/min/1,73m² (±25,1), e o percentil de pressão arterial sistólica (PAS) de 81,5% (63,2-90) e diastólica (PAD) de 79% (56-92,5), e 22 pacientes apresentavam PAS ou PAD maior que p90%. Ganho de zE/I não foi associado ao sexo (p=0,91), idade ao transplantar (p=0,192), ou ao bicarbonato sérico em T12 (23,4±1,6 vs 22,4±2,9, p=0,104). A redução de TFGe entre 3 e 12 meses foi associada a menor ganho de zE/I (p=0,01) e não a ganho de zIMC/I (p=0,5). Menor idade ao txR foi associada a aumento de zIMC/I [6,1 anos (3,4-12,5) vs 13.5 anos (8,4-15,2), p=0,004], que por sua vez foi associado a maior PAS [90,5%(69-95) vs 76 (56-88), p=0,011], sem diferença na PAD (p=0,24).
Discussão e Conclusões
A manutenção de TFGe foi associada ao aumento de zE/I e não ao ganho de zIMC/I. Houve aumento de prevalência de sobrepeso para 1/3 dos pacientes após 12 meses de txR, que foi associada a maior PAS. Outros fatores como dose de esteroides e hábitos alimentares podem ser melhor explorados, a fim de colaborar com estratégias de intervenção.
Palavras Chave
nutrição; transplante renal; ganho de peso; crescimento; hipertensão arterial; pediatria
Área
Multiprofissional: Nutrição
Instituições
Instituto da Criança HCFMUSP - São Paulo - Brasil
Autores
CARLA ALINE FERNANDES SATIRO, BRUNA DUQUE DE ALMEIDA BRAGA, CRISTINA DA SILVA MARINS, DAIANY CRISTINA GOMES DE MARIA, CAMILA CARDOSO METRAN, ANDREIA WATANABE