Dados do Trabalho


Título

INFECÇAO POR ESTRONGILOIDIASE EM IRMAS DE RIM: REATIVAÇAO DE DOENÇA CRONICA OU TRANSMISSAO POR ORGAO SOLIDO

Relato do Caso

Introdução: Estrongiloidíase (ES) pode ocorrer como infecção de novo ou raramente ser transmitida pelo doador para receptores de transplante renal (RTx), porém em ambas situações, a mortalidade chega até 80%. Objetivo: Relatar 2 casos de RTx que após receberem rins de um mesmo doador falecido, desenvolveram ES com desfechos fatais.
Relato dos casos: RTx1: Feminino, 26a, GNC, Tx em jan/2023, profilaxia antiparasitária com Albendazol (A) e Secnidazol (S), painel 41%. Recebeu Timoglobulina, Tacrolimus (TAC), Micofenolato de Sódio (MYF) e prednisona (Pred). No 43PO, creatinina 2,86, fez Endoscopia Digestiva Alta por epigastralgia, com gastrite leve + biópsia (Bx). No 48PO, intensa epigastralgia e vômitos. 50PO: choque séptico, insuficiência respiratória aguda (IRA) e intubação orotraqueal (IOT). Bx: grande carga de nematelminto, fortemente sugestivo de Strongyloides sp. Lavado broncoalveolar (LBA) com estrongilóides viáveis, iniciado Ivermectina+A no D3 internação. 80PO: óbito. RTx2: Feminino, 41a, Tx jan/2023. Profilaxia antiparasitária A+S. Painel 0%, recebeu Basiliximabe, TAC + MYF + Pred. No 76PO: epigastralgia e dessaturação, creatinina 1,75. 79PO: choque séptico, IRA e IOT. LBA evidenciou Strongyloides sp em microscopia. Iniciada Ivermectina+A no D6 internação. 82PO: óbito. Doador: Ambas receberam rins do mesmo doador, morador de rua, sorologias hepatites B e C, HIV, HTLV e CMV negativas, sem eosinofilia. Discussão: Embora as 2 RTx tivessem recebido a profilaxia antiparasitária e após o diagnóstico, Ivermectina+A, ambas desenvolveram quadro fatal de ES, diagnosticada pela presença do nematelminto em LBA e Bx gástrica, na RTx1 e em LBA no caso RTx2, fortemente sugestivo de Strongyloides sp. Transmissão da ES pelo órgão doador é pouco relatado pela literatura. Recente revisão relata 27 casos de ES, em RTx de órgãos sólidos e 16 em RTx renal. Todos sem profilaxia anti parasitária. Embora nem sorologia e nem PCR para a doença foram realizados no doador ou RTxs, é pouco provável que as RTxs tenham se infectado após o Tx. As características sociais do doador e a simultaneidade da infecção, sugerem fortemente que a transmissão tenha ocorrido pelos rins doados. Curiosamente, a profilaxia convencional não evitou a transmissão e o tratamento com Ivermectina + A não foi suficiente para controlar a doença. Conclusão: Deve ser considerado o tratamento com Ivermectina de potenciais doadores com ES e também revistos os protocolos de profilaxia antiparasitária para RTx.

Palavras Chave

transplante renal, estrogiloidíase, profilaxia antiparasitária

Área

Transplante

Instituições

HOSPITAL DE BASE - São Paulo - Brasil

Autores

FERNANDA BIROLLI MARTINS , MARIA ALICE SPERTO FERREIRA BAPTISTA, IDA MARIA MAXIMINA FERNANDES CHAPIOT, LUCAS ROMAGNOLI, GABRIELA MARIA COSTA FERREIRA, MARIO ABBUD FILHO