Dados do Trabalho


Título

NEFRITE LUPICA: PERFIL IMUNOLOGICO E A EVOLUÇAO RENAL

Introdução

Lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença autoimune com achados sistêmicos. Apresentações que iniciam na infância correspondem a 15-20% dos casos, dos quais 50-82% cursam com nefrite lúpica (NL). O diagnóstico tardio do acometimento renal está associado ao maior risco de evolução para doença renal terminal. A presença de positividade de anticorpo Anti-DNA está associada com desenvolvimento de nefrite lúpica de início precoce, porém sem correlação com piores estágios da doença renal crônica (DRC). Da mesma forma, a presença de anticorpos anti C1q e anti C3b, e consequentemente a hipocomplementenemia, estão relacionados com atividade de doença renal, mas não com pior evolução. A presença de anticorpos anti-Sm, anti-RNP, anti-Ro, anti-La não foram associados com nefrite lúpica clássica, mas anti-Sm pode estar relacionado com formas silenciosas da doença.

Material e Método

Foram incluídos 50 pacientes de ambos os sexo, sem restrição de idade, com diagnóstico de LES e NL comprovada em biópsia renal, acompanhados no ambulatório de nefrologia pediátrica. Analisados os seguintes dados: idade, sexo, tempo de doença, perfil imunológico, manifestações renais e desfechos renais (terapia renal de substituição ou transplante renal). Utilizado o teste de qui-quadrado de Person como método estatístico.

Resultados

Predomínio do sexo feminino (74%), com idade média do diagnóstico do LES aos 12 anos e tempo médio de seguimento de 7,4 anos. A idade média da biópsia renal foi 12,4 anos, sendo a maioria classe IV (28%), seguidos da classe V (24%), classe III (12%), classe II (8%) e classe I (6%). O anticorpo mais prevalente foi o FAN (96%) e o consumo de complemento acometeu 76% dos pacientes. A pior evolução da DRC em relação ao anti-DNA, a persistência do anticorpo ou o consumo de complemento, não apresentou valor estatístico. Porém, observamos prognóstico ruim do desfecho renal naqueles com consumo de complemento, contudo, sem valor de significância (p 0,957). Dos 13 casos que apresentavam anti-Sm positivo, evoluíram com o piores estágios da DRC, com significância estatística (p 0,037). Não houve associação dos demais anticorpos com a evolução renal.

Discussão e Conclusões

A maior parte do perfil imunológico dos pacientes com NL não apresentam associação com a progressão da DRC, no período do estudo. A hipocomplementenemia foi mais prevalente, porém também não demonstram relevância para determinação de progressão para falência renal.

Palavras Chave

Lúpus Eritematoso Sistêmico, Nefrite Lúpica, Anticorpos

Área

Nefropediatria

Instituições

Universidade Federal de São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

CAMILLA DE SOUZA BRAGA, AMANDA VIRGÍNEA BATISTA CAVALCANTE, BRUNA BRACCI VIEIRA DE SOUZA, FLAVIA VANESCA FELIX LEÃO , MARIA CRISTINA ANDRADE, MARIA APARECIDA DE PAULA CANÇADO