Dados do Trabalho


Título

MICROANGIOPATIA TROMBOTICA EM HISTOLOGIA RENAL DE DOENÇAS GLOMERULARES NAO LUPICAS: APRESENTAÇAO CLINICA E DESFECHOS

Introdução

Microangiopatia trombótica (MAT) é definida como lesão patológica determinada pela presença de microtrombos em pequenos vasos, sendo clinicamente caracterizada por anemia hemolítica microangiopática, plaquetopenia e dano isquêmico de órgão alvo. A ocorrência de MAT nas glomerulopatias confere maior gravidade e pior prognóstico. O objetivo deste trabalho é comparar o impacto da ocorrência de MAT dentre as glomerulopatias.

Material e Método

Avaliação de dados clínicos evolutivos de pacientes com achado histológico renal de MAT em associação com glomerulopatias sem história de Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES). Foram excluídos casos de MAT isolada em biópsia renal e Esclerose Sistêmica.

Resultados

O estudou analisou 78 casos com achado de MAT renal sem história de LES, acompanhados entre 2012 e 2023. Destes, 47 apresentavam glomerulopatia, com mediana de idade de 36 anos [31;54] e predomínio de mulheres (55,3%). Dentre as síndromes glomerulares na apresentação clínica se destacaram: anormalidades urinárias mínimas (27,6%), síndrome nefrótica (25,5%), glomerulonefrite rapidamente progressiva (17,0%), síndrome mista (12,7%) e síndrome nefrítica (8,5%). Alteração da função renal na apresentação clínica ocorreu na grande maioria dos casos, com mediana de creatinina sérica de 3,02 mg/dL [1,88;4,78] e necessidade de diálise ao diagnóstico em 38,3%. As glomerulopatias mais prevalentes foram: Nefropatia da IgA - NIgA (27,6%), GESF (23,4%) e glomerulopatia diabética (23,4%). A associação com infecção ocorreu em 19,1% dos casos. A evolução para necessidade de diálise ou transplante renal (TR) foi maior em glomerulopatia diabética (90,9%), seguida de NIgA (61,54%), GESF (54,5%) e glomerulopatia relacionada a infecção (33,3%). No grupo livre de diálise e TR a taxa de filtração glomerular (TFG) ao final do seguimento foi maior em NIgA, 38ml/min/1,73 m² [25;46], e a proteinúria final foi maior em GESF, 5,2g/g [4,85;6,25]. Não houve diferença em relação à evolução para diálise ou TR entre o grupo tratado com imunossupressão e o grupo não tratado (61,9% vs 54,5%, p=0,76). O tempo de seguimento foi de 10 meses [2;38].

Discussão e Conclusões

MAT em glomerulopatia afeta pacientes mais jovens e caracteriza-se por prognóstico renal desfavorável com alta chance de evolução para diálise ou TR, principalmente em nefropatia diabética. NIgA evolui com redução moderada de TFG e GESF com persistência de proteinuria nefrótica. MAT representa marcador de má evolução para glomerulopatia e necessita de estudos em terapêutica específica.

Palavras Chave

microangiopatia trombótica, glomerulopatia, biópsia renal

Área

Doenças do glomérulo

Instituições

USP - São Paulo - Brasil

Autores

GÉSSICA SABRINE BRAGA BARBOSA, LECTICIA BARBOSA JORGE, CRISTIANE BITENCOURT DIAS