Dados do Trabalho
Título
HIPERCALCEMIA SECUNDARIA A TUMOR RENAL : RELATO DE CASO.
Relato do Caso
A hipercalcemia ocorre em cerca de 20 a 30% dos pacientes com câncer. Dentre os tipos mais frequentes associados a ela, têm-se as malignidades renais. A secreção tumoral de peptídeo relacionado ao hormônio da paratireóide (PTHrP) é o mecanismo envolvido mais comum. Entretanto, pacientes com doença renal crônica (DRC) podem apresentar hipercalcemia por hiperparatireoidismo secundário e terciário. Apresenta-se o caso de um paciente transplantado renal e neoplasia renal do rim nativo que desenvolveu hipercalcemia.
Homem, 71 anos, DMII e HAS de longa data, DRC com início de diálise em 2002 e transplante renal em 2013. Apresentava durante últimos anos de seguimento, hipercalcemia, com valores que chegavam a 15mg/dl, sendo encaminhado para o ambulatório de osteodistrofia renal, por possível hiperparatireoidismo secundário, mesmo com elevação discreta do PTH. Paciente internado com sintomatologia típica de hipercalcemia e em virtude do baixo valor encontrado de PTH, foi iniciada investigação para outras causas de hipercalcemia. Realizada eletroforese proteínas sangue/urinária que apresentou múltiplas bandas migrando na região entre alfa globulina 2 e gamaglobulinas sem pico monoclonal, mielograma ausência de blastos. Na tomografia de abdome visto massa em rim nativo + massa adrenal e hepática sugestivas de metástases. Realizada biópsia hepática, encontrado carcinoma de padrão túbulo papilífero infiltrando o tecido hepático com parênquima adjacente sem particularidades e aspectos morfológicos favorecendo metástase de carcinoma papilífero. Também observadas calcificações importantes em RX de ossos longos e USG de paratireoides, não evidenciado adenomas. O paciente faz uso de cinacalcete, e aguarda tratamento com pazopanibe, para o controle neoplásico.
O diagnóstico de neoplasia renal é em muitos casos tardio, já em condições metastáticas. Era esperado o aumento dos níveis de PTHrP e normalização ou diminuição do PTH, como é comum nos casos clássicos de hipercalcemia secundária a malignidade.
Apesar do provável hiperparatireoidismo secundário pensado no início, os valores muito elevados de calcio (14-15mg/dl), sintomático, com baixo PTH, nos remeteu a outros diagnósticos. Anomalias pouco vistas necessitam ser identificadas e colocadas para debate e aprimoramento do conhecimento científico, a fim de elucidar proporcionar o melhor tratamento possível, diante de um grande desafio clínico como o caso apresentado.
Palavras Chave
hipercalcemia; hiperparatireoidismo secundário; osteodistrofia renal; malignidades renais; PTH; PTHrP.
Área
Nefrologia clínica
Instituições
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - Minas Gerais - Brasil
Autores
MARCUS VINÍCIUS PÁDUA NETTO, CAROLINE MARQUES ALVES, VÍCTOR AFONSO BARCELOS, Lucas OLIVEIRA, DÉBORA CRUVINEL FERREIRA, ARTHUR HUMBERTO ALVES FARIA, MURILO ROBERTO ARAÚJO ALVES, GABRIEL JUNES MENDES, GABRIEL DAVID CAMARGO, BRUNO SOARES RIBEIRO