Dados do Trabalho


Título

ALTERAÇOES OFTALMOLOGICAS EM PACIENTES PEDIATRICOS COM TUBULOPATIAS

Introdução

A visão tem um importante papel no desenvolvimento neuropsicomotor infantil, influenciando aspectos sociais e comunicativos. Uma vez que o rim e os olhos compartilham importantes vias estruturais, fisiológicas, patogênicas, de desenvolvimento e moleculares, o estudo da associação entre doenças renais e oftalmológicas mostra-se relevante. As tubulopatias são doenças que podem ser hereditárias, congênitas, adquiridas ou de etiologia não identificada. Tais doenças estão associadas a déficit de crescimento e de desenvolvimento, podendo ou não ter alterações sistêmicas, incluindo comprometimento oftalmológico. Há uma escassez de dados na literatura sobre alterações oftalmológicas em pacientes pediátricos portadores de tubulopatias.

Material e Método

Estudo descritivo, observacional, transversal, retrospectivo, quantitativo e qualitativo. Foram incluídos pacientes entre 0 e 18 anos, atendidos no ambulatório de tubulopatias da UNIFESP/EPM entre janeiro de 2021 e janeiro de 2023. Foram avaliados dados demográficos, perfil etiológico das tubulopatias, frequência e caracterização de alterações oftalmológicas. O projeto foi submetido à aprovação do comitê de ética em pesquisa.

Resultados

Foram estudados 82 pacientes (67% sexo masculino), com mediana de idade de 11 anos (IQ 8). Os principais diagnósticos observados foram: acidose tubular renal (50%), síndrome de Bartter (17%), síndrome de Fanconi (9,8%), síndrome de Lowe/Dent 2 (6%), hipomagnesemia familiar com nefrocalcinose e hipercalciúria (2,4%) e outros diagnósticos (14,8%). Foram encontradas alterações oftalmológicas em 38 pacientes (46,3%), muitas sem relação direta com o transtorno tubular, com destaque para: catarata em 8,5%, estrabismo em 15,8%, glaucoma em 4,8%, sinais de retinopatia hipertensiva em 3,6% dos pacientes, entre outras alterações. Observou-se hipertensão arterial em 9 pacientes (10,9%), antecedente de prematuridade em 16 pacientes (19,5%) e uma mediana de taxa de filtração glomerular estimada de 140 ml/min/1,73 m2 (IQ 54). Entre os pacientes com estrabismo, foi observada história de episódios recorrentes de desidratação em 5 dos 13 casos (38,4%).

Discussão e Conclusões

Foi observada uma alta frequência de alterações oftalmológicas em pacientes pediátricos portadores de tubulopatias. Assim, enfatizamos a relevância da inclusão de avaliação oftalmológica regular na rotina ambulatorial, objetivando um diagnóstico precoce, evitando sequelas e possibilitando intervenções e reabilitação, com o intuito de melhores desfechos em longo prazo.

Palavras Chave

alterações oftalmológicas, estudo epidemiológico, tubulopatias, doença renal, crianças

Área

Nefropediatria

Instituições

UNIFESP / Escola Paulista de Medicina - São Paulo - Brasil

Autores

EDUARDO FREITAS HATANAKA, MARTA LILIANE DE ALMEIDA MAIA, AMANDA MACIEL SANTOS, MARCELA SCHWARTZ BICALHO, MARIA CRISTINA DE ANDRADE