Dados do Trabalho
Título
Recidiva de mieloma múltiplo pós transplante autólogo de medula óssea em paciente hemodialítico: relato de caso
Relato do Caso
Introdução: O mieloma múltiplo é uma doença rara e de diagnóstico regularmente tardio, o que dificulta e atrasa o início do tratamento. Os sinais e sintomas são variados e inespecíficos, devendo o médico ficar em alerta a possibilidade do diagnóstico. Grande parte dos pacientes apresentam recidiva, sendo mais precoce e frequente naqueles com baixa resposta ao tratamento inicial. O padrão da recidiva é heterogêneo, podendo se apresentar de forma indolente ou agressiva.
Relato de caso:Masculino, 56 anos, em terapia hemodialítica há 9 anos, secundária a mieloma múltiplo. Previamente hígido, foi submetido a transplante autólogo de medula óssea após 1 ano do diagnóstico, evoluindo com melhora clínica e laboratorial, mas mantendo necessidade de terapia renal substitutiva. Após 7 anos do transplante, desencadeou quadro de fraqueza e astenia, associado a sinais de hipervolemia e exames complementares com anemia sem melhora com uso de eritropoetina humana, e plaquetopenia. Associado, apresentou úlceras venosas múltiplas em membros inferiores, de rápida evolução de tamanho e dolorosas. Solicitados exames complementares para confirmação de recidiva de MM, que demonstraram pico monoclonal gama em eletroforese de proteínas séricas, com presença de componente monoclonal IgA/kappa. O ecocardiograma transtorácico confirmou insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICFEr 25%) e a tomografia de abdome apresentou ascite de grande volume, além de presença de lesões líticas em vértebras lombares. O estudo doppler dos membros inferiores e a angiotomografia de ilíacas e membros não demonstraram sinais de estenoses significativas, sendo tratadas as úlceras venosas com antibioticoterapia e melhora do quadro. Iniciou terapia para ICFEr e transfusão de hemácias (hemoglobina 6,8g/dL), além de adequação do ultrafiltrado nas sessões de diálise, com melhora dos sintomas. Foi encaminhado ao hematologista, com realização de nova biópsia de medula óssea, confirmando a recidiva da doença.
Conclusão:Pacientes com mieloma múltiplo que evoluem com necessidade de terapia dialítica apresentam reversibilidade menor que 10% do quadro renal. Desta forma, tratando-se de patologia com alta taxa de recidiva e o nefrologista ser o médico capaz de realizar o atendimento frequente desse paciente, é fundamental que ele esteja atento aos sinais sugestivos de recidiva da doença. A precocidade do diagnóstico, com o direcionamento ao hematologista, proporciona melhor prognóstico ao doente.
Palavras Chave
Mieloma múltiplo; transplante autólogo; terapia renal substitutiva;
Área
Doença renal crônica
Instituições
UNAERP - São Paulo - Brasil
Autores
MARIANA GALLI HAMAMOTO, MARCELLA EDUARDA SOUZA BARBOSA, ESTER AVELINO DE SOUZA, VANESSA CICCILINI GUERRA MOCHIUTI