Dados do Trabalho


Título

NEFROPATIA POR IGA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES: EVOLUÇAO E FATORES DE RISCO PARA DOENÇA RENAL CRONICA TERMINAL (DRCT)

Introdução

Nefropatia por IgA é a glomerulopatia primária mais prevalente no mundo. Apresenta espectro que varia desde de hematúria microscópica até glomerulonefrite rapidamente progressiva com perda da função renal. O diagnóstico é realizado pela imunofluorescência na biópsia renal, com predomínio de depósitos mesangiais de IgA. São descritos fatores de risco para perda progressiva da função renal, como proteinúria de 24 horas maior que 1 g, hipertensão e padrão histológico grave na biópsia renal. Não há consenso quanto ao tratamento da nefropatia por IgA, sendo seus pilares o uso de iECA/BRA, corticoterapia e outros imunossupressores.

Material e Método

Foram analisadas variáveis clínicas e laboratoriais na apresentação inicial, lesão histológica e resposta terapêutica de pacientes portadores de nefropatia por IgA, em seguimento ambulatorial em serviço de referência em nefrologia pediátrica. O desfecho analisado foi a progressão para DRCT.

Resultados

Avaliadas 22 crianças, com predomínio no sexo masculino (3:1) e com idade média de diagnóstico de 10,4 ± 3,6 anos. No momento da biópsia, 85,7% (18) apresentavam relato de hematúria macroscópica, 33,3% (7) hipertensão, 50% (10) proteinúria subnefrótica. Critérios para vasculite por IgA foram observados em 57,1% (12). A TFGe estava normal em 95% (20) dos pacientes, com média de 144 ± 29,6 mL/min/1,73 m2.

As terapêuticas utilizadas foram iECA (63%), corticoterapia (52%), N-Acetilcisteína (38%), azatioprina (25%), ciclosporina e ciclofosfamida com 9,5%.

O tempo médio de seguimento foi de 5 anos (1-10 anos). A análise univariada demonstrou que a presença de hipertensão, hematúria ou proteinúria no momento do diagnóstico não foram fatores de risco para DRCT. Não houve significância de qualquer modalidade de tratamento na redução da proteinúria ou progressão para DRCT ao longo do seguimento. A classificação de Oxford apresentou associação com redução da TFGe < 90 mL/min/1,73 m2 com 1 ano e 5 anos de seguimento, respectivamente (p 0,002 e p 0,017, respectivamente).

Discussão e Conclusões

Fatores que podem influenciar na evolução da Nefropatia por IgA para DRCT foram avaliados neste estudo. O aspecto com maior significância foi a classificação de Oxford da biópsia renal. Não houve associação entre proteinúria ou HAS com evolução para DRCT. O número de pacientes e o tempo de acompanhamento limitam os resultados deste estudo.

É necessário o acompanhamento a longo prazo desses pacientes melhor determinar os fatores de risco associados a DRCT.

Palavras Chave

Nefropatia por IgA, doença renal terminal, criança, adolescente

Área

Nefropediatria

Instituições

Universidade Federal de São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

GUSTAVO TAKEKAZU TOKUTSUNE, JOÃO HENRIQUE CHAGAS SOARES, FLAVIA VANESCA FELIX LEÃO, MARIA CRISTINA ANDRADE, MARIA APARECIDA DE PAULA CANÇADO