Dados do Trabalho


Título

CAUSAS DE OBITOS EM UMA GRANDE COORTE DE PACIENTES EM PROGRAMA CRONICO DE DIALISE NO BRASIL

Introdução

Pacientes com DRC em diálise têm alto risco de morte. Dados do censo 2022 da SBN mostram estimam cerca de 30 mil óbitos/ano, e taxa de mortalidade anual de 20%. Nos grandes registros internacionais os eventos cardiovasculares têm sido apontados como a principal causa de morte. No Brasil, essas informações são escassas. O objetivo deste estudo foi descrever as causas de óbitos em uma população em programa crônico de diálise em clínicas da Fresenius Medical Care (FMC) no Brasil.

Material e Método

No período de Janeiro/2022 a Maio/2023, cerca de 5800 pacientes/mês encontravam-se em diálise, distribuídos em 30 clínicas no Brasil, sendo 94% em HD/HDF e 6% em diálise peritoneal e, aproximadamente 65% dialisando por convênio privado. Os dados foram coletados em reuniões mensais realizadas em cada uma das clínicas, onde o diretor médico e enfermeiro responsável, analisavam os casos de óbito ocorridos no mês anterior com 2 médicos da diretoria da FMC. A análise dos eventos teve como base o Protocolo de Londres, e foram classificados como desfechos esperados ou inesperados, revendo informações de prontuário.

Resultados

Durante esse período, ocorreram 788 mortes, 277 (35%) a doenças infecciosas, 246 (31%) foram devido a doenças cardiovasculares, 80 (10%) neoplasia, 34 (4%) a COVID 19, 60 (8%) outras causas e 91 (12%) indeterminada ou sem informação. A equipe assistencial classificou 386 (49%) como óbitos inesperados. Dos pacientes que foram a óbito, 461 (58,5%) eram do sexo masculino, com 70±14 (16-100) anos, estavam em terapia renal substitutiva há 39 (0-432) meses, 542 (69%) dialisando por convênio privado. Do total de óbitos, 23 (3%) ocorreram na clínica de diálise, 109 (14%) em domicílio ou em vias públicas e 652 (83%) em ambiente hospitalar, com mediana de 10 (1-105) dias de hospitalização. A distribuição das causas de óbito diferiu entre os pacientes SUS e convênio privado, com maior frequência de morte cardiovascular e neoplasia nos pacientes com convênio privado (p<0,0001) e por região do país com maior frequência de morte cardiovascular e neoplasia nos pacientes de São Paulo (p=0,02) e não houve diferença entre os sexos (p=0,48). O óbito fora do hospital foi mais frequente em pacientes dialisando pelo SUS, quando comparados aos com convênio privado (23 vs. 14%, respectivamente, p=0,005).

Discussão e Conclusões

A principal causa de mortalidade foi infecciosa, sendo discretamente superior à cardiovascular. A grande maioria dos óbitos ocorreu em ambiente hospitalar, sendo raros na clínica de diálise.

Palavras Chave

óbito, hemodiálise, dialise peritoneal, cardiovascular, infecção

Área

Doença renal crônica

Instituições

Fresenius - São Paulo - Brasil

Autores

CRISTIANE ROSA, JORGE STROGOFF-DE-MATOS, ANA BEATRIZ L. BARRAS, MARIA EUGENIA FERNANDES CANZIANI