Dados do Trabalho
Título
PERFIL DE CANDIDATOS A DOAÇAO RENAL EM VIDA, EXCLUIDOS DO PROCESSO DE SELEÇAO, EM UM SERVIÇO UNIVERSITÁRIO
Introdução
O transplante renal com doador vivo é justificado pela baixa disponibilidade de órgãos de doadores falecidos para transplante, além de estar associado à melhor sobrevida de receptor e enxerto. Entretanto, existe uma grande variação nos critérios de seleção de potenciais doadores, partindo do princípio de não maleficência, cabendo ao médico a responsabilidade de prevenir prejuízos futuros ao potencial doador. Objetivo: Avaliar o perfil demográfico, presença de comorbidades e causa de exclusão de potenciais candidatos a doação renal em vida.
Material e Método
Foram incluídos pacientes candidatos à doação renal, em um serviço de referência de transplantes e que foram descartados para doação no período 1989 a 2019. As informações demográficas, presença de comorbidades e desfechos foram coletados a partir do banco de dados do programa de transplante renal da instituição.
Resultados
No período de 1989 a 2019, 563 potenciais doadores vivos foram excluídos do processo de transplante intervivos. Este grupo foi composto por 296 (52,6%) mulheres e 268 (47,4%) mulheres, com mediana de idade de 41 anos, na sua maioria irmãos (n=391, 69,4%), seguido de genitores (96; 17%) e cônjuges (n=53; 9,4%). As causas de descarte foram divididas em: imunológicas (n=128; 22,7%), relacionadas ao receptor (n=70, 12,4%) ou ao doador (n=365, 64,9%). As anormalidades renais (n=115, 20,4%) incluíram alterações anatômicas (n=61); presença de proteinúria e/ou hematúria glomerular) (n=48) e doença renal crônica (n=6). As alterações sistêmicas (n=210, 37,3%) foram hipertensão arterial (n=109), doenças metabólicas (n=56), doenças crônicas não infecciosas (n=30) ou infecciosas (n=15). Desistência do doador ou transplante renal com doador falecido durante o processo de avaliação ocorreu em 40 casos (7%). Os doadores com doenças diagnosticadas durante a avaliação foram referenciados para serviços de atenção primaria ou secundaria. No período de acompanhamento, dois potenciais doadores descartados evoluíram com doença renal crônica e foram incluídos em lista de espera para transplante renal.
Discussão e Conclusões
A avaliação criteriosa do candidato à doação renal mostrou alta prevalência de doenças renais e sistêmicas neste grupo, principalmente entre irmãos. Considerando os riscos da perda de massa renal em indivíduos com doenças preexistentes e as complicações tardias da progressão da doença nestes pacientes, a não utilização de doadores com comorbidades, apesar de função renal normal, deve ser considerada neste cenário.
Palavras Chave
doador renal, transplante doador vivo, comorbidades
Área
Transplante
Instituições
UNICAMP - São Paulo - Brasil
Autores
FERNANDA GARCIA BRESSANIN, GABRIELA BENEVENTO CORREIA, MATHEUS RISSATO ROSSI, MARCOS VINICIUS SOUSA, MARILDA MAZZALI