Dados do Trabalho
Título
ANALISE DESCRITIVA DE PACIENTES PEDIATRICOS COM NEFRITE LUPICA EM UM HOSPITAL TERCIARIO
Introdução
A nefrite lúpica (NL) é manifestação de atividade do lúpus eritematoso sistêmico (LES) e tem apresentação clínica variada incluindo hematúria, proteinúria em graus variáveis e/ou injúria renal aguda (IRA).
Material e Método
Análise retrospectiva de 31 pacientes com diagnóstico de NL prevalentes no ambulatório de nefrologia pediátrica no ano de 2022, do total de 36 pacientes com diagnóstico de LES no período. A biópsia renal foi solicitada para crianças com LES ativo, em tratamento, com proteinúria, hematúria e/ou piora da função renal. A classificação de NL foi realizada pelas definições da Sociedade Internacional de Nefrologia e da Sociedade de Patologia Renal (ISN/RPS) de 2003 revisadas em 2018.
Resultados
A idade ao diagnóstico foi de 12 anos (±2,9), com predomínio de meninas (77,4%), e SLEDAI de 12 (10-16). Proteinúria e hematúria foram observados em 27 pacientes, apenas proteinúria em 4, 18 (58,1%) apresentaram HAS, 13 (41,9%) apresentaram IRA (KDIGO: estágio 1=2, estágio 2=1, estágio 3=10), e 7 (22,6%) receberam hemodiálise aguda (HDa) por 9 dias (7-20), sendo 1 intermitente, 1 contínua, 4 ambas e 1 sem informação da modalidade. Pulsoterapia foi realizada em 28 pacientes (90,3%), ciclofosfamida em 17 (54,8%), micofenolato mofetila em 29 (93,5%) e antiproteinurico em 21 (67,7%). 21 pacientes realizaram bxR após 80 dias (27-272) do diagnóstico, sendo 1 classe I, 1 classe II, 7 classe III, 5 classe IV e 7 classe V. Após 32,7 meses de seguimento (17,7-71,1), 24 pacientes apresentavam SLEDAI ≤4, 20 hematúria, 20 P/C <0,2, 10 entre 0,2 e 2, e 1 proteinúria nefrótica. A creatinina final foi 0,6±0,15 mg/dL, a taxa de filtração glomerular estimada (TGFe) de 128±30 ml/min/1,73m2, e 12 pacientes apresentavam hiperfiltração (TFGe >135 ml/min/1,73m2), um paciente DRC estágio 2 (80ml/min/1,73m2), nenhum paciente em diálise crônica. Os 7 pacientes que receberam HDa não diferiram na idade de apresentação (13,5±1,9 vs 11,6 ±3, p=0,14), no SLEDAI inicial [16 (12-21) vs 12 (9-15,7), p=0,098), no tempo de seguimento [30,7 (24,5-37,1) vs 39,8 (17,1-73,5), p=0,661), na TFGe na última avaliação (126,7 ± 33,8 vs 128,7 ± 30,0, p=0,897), mas apresentaram maior proteinúria [P/C=0,15 (0,06-0,38) vs 0,06 (0,04-0,08), p=0,048].
Discussão e Conclusões
Embora a NL seja complicação grave do LES na população pediátrica, o prognóstico foi favorável no tempo pequeno de seguimento, observando-se melhora da TFGe, da proteinúria e atividade do LES, mesmo em pacientes que realizaram HDa. O diagnóstico e tratamento são fundamentais para o controle da doença sistêmica e redução da progressão da doença renal crônica.
Palavras Chave
Nefrite lúpica, lúpus eritematoso sistêmico, proteinúria, antiproteinúricos, diálise
Área
Nefropediatria
Instituições
Instituto da Criança e do Adolescente - São Paulo - Brasil
Autores
ANA CAROLINE PINTO MARQUES CERQUEIRA, ANDREIA WATANABE, MARCELA GONCALVES MADEIRA, GIOVANNA GIACOMINI RAMALHO, SUZANE MARTINES ALVES DE SALES, MARIA HELENA VAISBICH GUIMARAES, MARIANNA RIBEIRO DE MENEZES FREIRE , LÚCIA MARIA MATTEI ARRUDA CAMPOS, CLOVIS ARTUR ALMEIDA DA SILVA , FELIPE LOURENÇO LEDESMA