Dados do Trabalho


Título

INFECÇAO E DOENÇA POR SARS-COV-2 EM TRANSPLANTE RENAL PEDIATRICO: UM ESTUDO MULTICENTRICO BRASILEIRO

Introdução

Pacientes que necessitam de imunossupressão crônica apresentam alto risco de morbidade e mortalidade devido infecção por SARS-CoV-2. Embora se acredite que as crianças sejam relativamente poupadas significativamente de mortalidade e morbidade, os receptores pediátricos permanecem em alto risco de contrair infecções virais respiratórias, apesar de uma susceptibilidade menor à infecção por SARS-CoV-2 quando comparado aos adultos, correspondendo a cerca de 1% a 3% dos casos relatados de SARS-CoV-2 em todos os países e uma proporção ainda menor de casos graves e óbitos.
Esse trabalho tem como objetivo descrever a apresentação e os desfechos clínicos da infecção por SARS-CoV-2 entre crianças receptoras de transplante renal.

Material e Método

Estudo observacional, prospectivo, multicêntrico, incluindo receptores de transplante renal <18 anos com infecção confirmada (RT-PCR, teste antigênico e teste sorológico) por SARS-CoV-2 adquirida entre março e dezembro de 2020 independente dos sintomas. Avaliados necessidade de hospitalização por COVID-19, mortalidade relacionada, perda do enxerto e evolução da função renal em 28 dias pós diagnóstico.

Resultados

Oito dos 14 centros transplantadores brasileiros aceitaram a participação. Foram incluídas 100 crianças com infecção confirmada por SARS-CoV-2, idade média 10±4 anos, 60% gênero masculino, 87% transplantes com doador falecido, média 4±3 anos pós-transplante. Infecção assintomática ocorreu em 24% dos pacientes. Entre os 76 sintomáticos, observou-se tosse (34%), febre (30%), coriza (28%), mal-estar (25%), odinofagia (17%), cefaleia (16%), anosmia (10%), diarreia (6%) e dispneia (5%). A hospitalização foi necessária em 10% dos casos. Quatro crianças necessitam de oxigenoterapia. Uma criança requereu ventilação mecânica e hemodiálise, evoluindo a óbito dentro de 28 dias do diagnóstico (letalidade de 1%). Um indivíduo evoluiu com perda de enxerto por GESF secundária à COVID-19. Entre os demais 98 convalescentes, houve manutenção da função renal em 28 dias (61±21 ml/min vs. 63±23 ml/min pré-diagnóstico, p=0,569).

Discussão e Conclusões

A infecção por SARS-CoV-2 apresentou-se de forma benigna na maioria dos casos, mas resultou em letalidade em 10% comparada com a população pediátrica geral e em perda precoce do enxerto renal potencialmente evitável, corroborando com estudos que confirmam a maior suscetibilidade dos pacientes imunossuprimidos a infecção pelo SARS-COV 2, quando comparados com a população em geral que se observa 0,3% de mortalidade em pacientes pediátricos.

Palavras Chave

COVID-19; Transplante renal; Pediatria

Área

Nefropediatria

Instituições

Fundação Oswaldo Ramos - São Paulo - Brasil

Autores

PAULA RAMOS, SUELEN STOPA, CAMILA METRAN, CLOTILDE DUCK, CLAUDIA ANDRADE, MARIANA FAUCKS, IDA FERNANDES-CHARPIOT, TAINA SANDES-FREITAS, HELIO TEDESCO-SILVA, LUCIO REQUIAO, MARINA CRISTELLI, JOSÉ MEDINA-PESTANA