Dados do Trabalho
Título
IMPACTO DA INFECÇAO POR SARS-COV-2 NOS DESFECHOS DO TRANSPLANTE RENAL DE LONGO PRAZO
Introdução
As evidências sobre o impacto da infecção pelo SARS-CoV-2 (COVID-19) nos resultados do transplante renal (TxR) a longo prazo são escassas.
Material e Método
Coorte ambispectiva incluindo pacientes do Registro Multicêntrico Brasileiro de COVID-19 em receptores de transplante renal (No. Clinical Trials 30631820.0.1001.8098) diagnosticados entre Mar 2020 e Dez 2021 (n=4.724 pacientes, 4 centros). Foram avaliados os desfechos de 1 ano após a infecção: incidência de rejeição aguda (RA), sobrevida do paciente e do enxerto e função renal, com taxa de filtração glomerular (TFG) estimada por CKD-EPI. Foi utilizada a estratégia de imputação Last Observation Carried Forward (LOCF) para as perdas (TFG=0) e óbitos (TFG=última disponível antes do óbito). A variação da TFG ao longo do tempo foi avaliada por meio do Modelo Linear Geral. A análise multivariada para risco de perda do enxerto foi realizada por meio da Modelo Linear Misto Generalizado com regressão logística, ajustado para centro (efeito randômico).
Resultados
Os pacientes eram predominantemente do sexo masculino (60%), com idade mediana de 52 (IIQ 41-60) anos, longo tempo pós-TxR (mediana 6 anos, IIQ 2,5-11), índice de massa corporal 27±5 Kg/m2 e 92% deles com alguma comorbidade além da doença renal. A TFG basal ao diagnóstico foi de 49 (IIQ 35-65) mL/min/1,73m2 e 19% apresentaram lesão renal aguda (LRA) com necessidade de diálise durante a infecção. No período de 1 ano de seguimento, 1% apresentou episódios de RA, 5% perdeu o enxerto e 24% foi a óbito. Excluindo perdas e óbitos, as TFGs medianas nos meses 3, 6, 9 e 12 foram, respectivamente: 53, 51, 52 e 52 mL/min/1,73m2 (p intragrupo<0,001). As TFGs medianas ajustadas pelo método LOCF nos mesmos períodos foram: 50, 48, 47, 47 mL/min/1,73m2 (p intragrupo<0,001). Na análise multivariada, os fatores de risco para perda do enxerto foram: idade (OR 0,979), sexo masculino (OR 1,429), tempo pós-TxR em anos (OR 1,027), diabetes (OR 1,514), TFG basal (OR 0,967), LRA com diálise (OR 2,688) e episódio de AR após o diagnóstico da COVID-19 (OR 3,889).
Discussão e Conclusões
Houve uma baixa incidência de perda do enxerto em 1 ano. Os fatores de risco para perda do enxerto foram: idade mais jovem, sexo masculino, longo tempo após o TxR, diabetes, comprometimento da função renal basal, necessidade de diálise no curso da COVID-19 e episódio de rejeição aguda após a infecção. Considerando os pacientes vivos e com enxerto funcionante, o COVID-19 não afetou negativamente a filtração glomerular.
Palavras Chave
SARS-CoV-2; COVID-19; desfechos
Área
COVID
Instituições
Universidade Federal do Ceará - Distrito Federal - Brasil
Autores
TAINA VERAS DE SANDES-FREITAS, LÚCIO REQUIÃO-MOURA, LUÍS GUSTAVO MODELLI DE ANDRADE, HÉLIO TEDESCO-SILVA, JOSÉ MEDINA-PESTANA, EM NOME DE COVID-19 KT BRAZIL STUDY GROUP