Dados do Trabalho


Título

CONSUMO DE ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS NA POPULAÇAO IDOSA COM DRC E FATOR DE RISCO DE MORTE E INICIO DE DIALISE

Introdução

Recentemente, o grupo alimentar ultraprocessado, passou a ser reconhecido como um fator de risco de progressão da DRC e mortalidade. Porém, nenhum estudo avaliou uma população idosa com DRC. Este é um estudo tipo coorte prospectivo observacional, que analisa o impacto do consumo alimentar no desfecho combinado início de diálise/mortalidade em idosos com DRC em estádio 4 e 5, em tratamento conservador.

Material e Método

Para avaliação do consumo alimentar foi aplicado um recordatório alimentar de 24 horas e calculado consumo calórico (consumo adequado: 25-35 kcal/kg/dia) e proteico (consumo adequado: 0,6-0,8g/kg/dia). Para avaliação qualitativa, os alimentos foram categorizados de acordo com a NOVA classificação do grau de processamento dos alimentos. Para análise dos resultados considerou-se as calorias dos alimentos ultraprocessados (UP) ajustados para 1000 calorias de consumo. Para avaliação do desfecho combinado utilizamos curva de sobrevida de Cox, ajustado para idade, diabetes, taxa de filtração glomerular estimada (TFGe) e variáveis selecionadas da análise univariada entre pacientes com e sem desfecho (p < 0,1).

Resultados

Foram incluídos 88 pacientes (83  7 anos, 88,5% hipertensos e 59% com diabetes mellitus). A TFGe média foi de 20,0  6,9 ml/min/1,73m2. Os pacientes mantinham a média de consumo energético de 20,5 calorias/kg/peso (30,8% mantinham consumo recomendado). A média de consumo proteico era de 0,8 g/kg/peso (24,7% mantinham consumo recomendado). Houve concordância entre consumo proteico e calórico, pacientes com ingestão proteica abaixo do recomendado também ingeriam menor quantidade calórica em 92,5% dos casos. A mediana do percentual de consumo de alimentos UP foi de 11,3% (5,4-20,5). Durante o período de seguimento ocorreram 17 óbitos e 11 pacientes iniciaram diálise. O consumo calórico e proteico nas diferentes faixas de consumo não influenciou os desfechos. Pacientes com desfecho combinado se caracterizaram por tendência a maior consumo percentual de calorias UP (p=0,08). Em análise de sobrevida de Cox com censura no fim do período de observação, identificamos que o consumo percentual de alimentos UP (risco relativo 1,03 95% IC 1,00-1,06, p=0,03) se associou de forma independente com o desfecho combinado, em modelo ajustado para comorbidades, relação proteína-creatinina, TFGe, diabetes e avaliação nutricional.

Discussão e Conclusões

Esses resultados preliminares sugerem que as orientações nutricionais devam priorizar a redução do consumo de alimentos UP na população idosa com DRC.

Palavras Chave

alimentos ultraprocessados, doença renal crônica, idosos, desfechos

Área

Multiprofissional: Nutrição

Instituições

Universidade de São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

MARIANA LEISTER ROCHA INNECCHI, CARLA MARIA AVESANI, VENCESLAU ANTÔNIO COLEHO, JULIA CASTANHEIRA LAUAR, ROSA MARIA AFFONSO MOISÉS, ROSILENE MOTTA ELIAS