Dados do Trabalho


Título

Influência da Oxalúria na Progressão da Doença Renal Crônica

Introdução

Sabe-se que a deposição de cristais de oxalato causa alterações histológicas no parênquima renal e danos tubulares semelhantes quando induzido por sobrecarga de adenina: necrose epitelial, inflamação e fibrose intersticial, levando à diminuição da função do órgão por dano celular. Recentemente, estudos investigando a relação direta do oxalato com prejuízo na função renal, independentemente de calculose renal, têm sido publicados. Já foram encontradas evidências da toxicidade celular do oxalato envolvendo mecanismos do sistema imune inato. Fica evidente, portanto, a necessidade de mais estudos que explorem esse tema.

Material e Método

Foram avaliados 52 pacientes, sendo 52% diabéticos, com idade média de 67,25± 12,41 anos, com DRC estágios 3A, 3B e 4, que passaram por consulta com nefrologistas do ambulatório e que possuíram no mínimo 2 mensurações de creatinina sérica coletadas previamente com intervalo de 10 a 14 meses entre elas (intervalo médio foi de 363,58±33,64 dias). A perda de função renal foi avaliada através da variação do ritmo de filtração glomerular estimado (RFGe -EPI-CKD) no período. Foram avaliadas a razão oxalato e creatinina (RO/cr) e a razão MCP1/creatinina (RM/cr) no final do período. Foi feita a suposição que a oxalúria coletada no momento presente seria representativa do último ano. Os pacientes selecionados também preencheram o recordatório alimentar de 24h referente ao consumo do dia anterior, além de um breve questionário de frequência alimentar de alimentos ricos em oxalato.

Resultados

O RFGe foi de 28,37±9,1 e 27,18±9,39 ml/min/1,73m2, inicial e final, respectivamente. A perda de função renal de 1,2±4,4 ml/min/ano. A RO/cr foi de 20,27±8,2 mg/g e a RM/cr foi de 80,70±86,31. Não foi encontrada correlações entre a RO/cr e a perda de função renal (r=0,212, P>0,05) e nem entre RM/cr e a RO/cr (r=0,106, p>0,05). A ingestão de oxalato também não se correlacionou com a perda de função renal (r=-0,024, p>0,05).

Discussão e Conclusões

Neste estudo não conseguimos encontrar uma correlação entre a perda de função renal e a excreção urinária de oxalato. Uma possível explicação é que a perda de função renal em um ano neste grupo de pacientes que recebe tratamento conservador otimizado foi inferior à verificada na literatura.
Neste grupo de pacientes, portadores de DRC, a excreção urinária de oxalato não se correlacionou com a perda de função renal em um ano de acompanhamento.

Palavras Chave

Doença Renal Crônica; Oxalato; Oxalúria

Área

Doença renal crônica

Instituições

HC FMUSP e BP - Beneficência Portuguesa de São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

FERNANDA PACHECO MAGALHAES E SILVA, BENEDITO JORJE PEREIRA, ROSILENE MOTTA ELIAS, TALITA ROJAS CUNHA SANCHES, MARIA EMILIA TAMI GUIDONE ONODERA, HUGO ABENSUR