Dados do Trabalho


Título

USO DA BIOIMPEDANCIA COMO FERRAMENTA PARA CORRIGIR HIPERVOLEMIA EM PACIENTES EM HEMODIALISE: EXPERIENCIA DE SUCESSO

Introdução

Hipervolemia é um fator de risco para desenvolvimento de hipertrofia de ventrículo esquerdo e mortalidade cardiovascular em pacientes em hemodiálise. Entretanto, a correção da hipervolemia depende de um ajuste adequado de peso seco e da taxa de ultrafiltração, muitas vezes determinados clinicamente e passíveis de erro. Neste contexto, a bioimpedância (BIS) pode ser de grande ajuda, identificando o estado de hidratação e guiando uma conduta individualizada de pacientes em hemodiálise. O objetivo deste trabalho é relatar a experiência de um protocolo para ajustes da hidratação com auxilio da BIS em uma clínica de diálise em São Paulo.

Material e Método

Análise retrospectivada da evolução nos 6 primeiros meses do estado de hidratação e pressão arterial de pacientes submetidos a um protocolo de ajuste do peso seco baseado na BIS utilizando o aparelho BCM® (Fresenius), entre janeiro a dezembro de 2022. Os pacientes incluídos tinham uma frequência mínima de diálise de 3 x por semana e diagnóstico de hiper-hidratação pela BIS (hiper-OH > 15% para homens e 13% para mulheres). Foi considerada hiper-hidratação grave quando o hiper-OH era maior que 20%. O protocolo compreendia na realização mensal da BIS, uma atenção focada da equipe multidisciplinar (médicos, nutricionista e enfermagem) e ajustes de peso seco em cada sessão, objetivando-se alcançar um peso seco em média 1 kg abaixo do peso em normohidratação proposto pela BIS.

Resultados

143 pacientes (66±14 anos, 60% homens) encontravam-se hiper-hidratados antes do inicio do protocolo. A mediana de hiper-OH era de 18,8 % (16,4-21,9) e 35% dos pacientes apresentavam hiper-OH>20%. Ao longo do tempo de seguimento houve uma redução significativa do hiper-OH de todo o grupo a partir do primeiro mês (p<0,001), mantendo-se estável a partir do terceiro mês. Ao final do período de acompanhamento a mediana do hiper-OH foi de 12,4% (8,3-17,4) e 14% apresentavam hiper-hidratação grave. Foi observada redução da pressão arterial sistólica pré diálise no primeiro mês (p=0,001), com discreta elevação no quinto mês de seguimento (p=0,01). A pressão disastólica pré diálise se manteve estável até o terceiro mês, com elevação a partir desde ponto (p=0,01).

Discussão e Conclusões

Essa experiência mostra que o uso de BCM e a participação da equipe multidisciplinar tornaram possível a correção de hiperhidratação em pacientes em programa de hemodiálise crônico. Acompanhamento longitudinal é necessário para saber o impacto deste resultado na mortalidade cardiovascular.

Palavras Chave

bioimpedância, hemodiálise, hipervolemia.

Área

Doença renal crônica

Instituições

Fresenius Medical care - São Paulo - Brasil

Autores

CAROLINA STELLER WAGNER MARTINS, SIMONE DA SILVA NASCIMENTO, CLAUDIA MARIA CALADO, ANA CORREIA, POLLYANA ZARA, ROSANNA AZEVEDO DO CARMO, RAQUEL CARREIRO DA SILVA, SILVIA REGINA MANFREDI, JORGE STROGOFF DE MATOS, ANA BEATRIZ L BARRA, MARIA EUGENIA F CANZIANI, ROSILENE M ELIAS