Dados do Trabalho


Título

QUALIDADE DA ASSISTENCIA A DOENÇA RENAL CRONICA (DRC) EM ATENÇAO SECUNDARIA A SAUDE: EXPERIENCIA DE DOIS SERVIÇOS DO ESTADO DE SAO PAULO, BRASIL

Introdução

O objetivo deste estudo foi avaliar indicadores de qualidade da assistência à DRC pré-dialítica em serviços de saúde público tradicional e privado multiprofissional.

Material e Método

Estudo retrospectivo, longitudinal, realizado em dois serviços de saúde: (1) ambulatório médico de nefrologia de um centro de especialidades do Sistema Único de Saúde (SUS), em que a assistência à DRC se dá de forma tradicional; (2) ambulatório multiprofissional de um plano privado de saúde (PPS), no qual são realizadas consultas médicas com nefrologista, seguidas de consultas com nutricionista e enfermeiro, além de telemonitoramento trimestral por técnicos de enfermagem. Foram avaliados atendimentos que ocorreram entre os anos de 2015 e 2019 e incluídos somente pacientes ≥18 anos, que realizaram ≥3 consultas médicas e com tempo de seguimento ≥6 meses.

Resultados

Em comparação com pacientes do PPS (n=183), os pacientes do SUS (n=277) eram mais velhos (59,7 vs. 63,3 anos, p=0,044), tinham mais hipertensão arterial (91,7% vs. 84,7%, p=0,019) e diabetes (44,0 vs. 29,5%, p<0,001) e menos glomerulopatias (4,3% vs. 20,8%, p<0,001). Os pacientes do SUS utilizavam mais IECA ou BRA (74,7% vs. 52,5%, p<0,001), menos inibidores de SGLT-2 (0,7% vs. 13,7%, p<0,001) e apresentavam maior TFGe basal (39,2 vs. 29,9ml/min/1,73m², p<0,001). Foram similares os tempos de seguimento (3,6 vs. 3,2 anos no SUS e PPS, respectivamente, p=0,379) e os níveis basais de proteinúria, potássio, LDL-colesterol, 25-OH-vitamina D, fósforo e PTH. Em relação às pessoas do PPS, aquelas atendidas no SUS apresentaram menor percentual de diabéticos com HbA1c <7,5% (46,1% vs. 61,2%, p=0,031), menos indivíduos com potássio <5,5mEq/l (90,4% vs. 93,4%, p=0,041) e menor encaminhamento para hemodiálise com FAV funcionante (9,1% vs. 54,3%, p<0,001). O percentual de hipertensos com PA <140x90mmHg foi semelhante entre os grupos (59,8% vs. 66,5% no SUS e PPS, respectivamente, p=0,181), assim como o controle de PTH (85,7% vs. 84,8%, p=0,816) e os percentuais de pessoas com dislipidemia e LDL-colesterol <100mg/dl (38,3% vs.49,3%, p=0,125), fósforo <4,5mg/dl (78,6% vs. 72,0%, p=0,150) e 25-OH-vitamina D <30ng/ml (28,4% vs. 36,5%, p=0,111).

Discussão e Conclusões

Os resultados sugerem que a qualidade da assistência à DRC pode ser melhorada em ambos os serviços avaliados e que o cuidado multiprofissional pode ter impacto positivo no controle de comorbidades e na forma de início de hemodiálise. Foi preocupante o baixo acesso dos pacientes do serviço público à confecção de FAV.

Palavras Chave

Doença Renal Crônica; Atenção Secundária à Saúde; Indicadores de Qualidade em Assistência à Saúde

Área

Doença renal crônica

Instituições

Grupo Hapvida-Intermédica, Secretaria Municipal de Saúde de Santana de Parnaíba, Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, Universidade Federal de São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

FARID SAMAAN, CRISTIANE AKEMI VICENTE, LUIZ ANTÔNIO COUTINHO PAIS, GIANNA MASTROIANNI KIRSZTAJN, RICARDO SESSO