Dados do Trabalho
Título
Identificação e manejo bem sucedido de fístula arteriocalicinal concomitante a pseudoaneurisma após biópsia de enxerto renal pediátrico: relato de caso.
Relato do Caso
Introdução: Biópsias renais realizadas pré implante do enxerto são utilizadas para auxiliar na seleção de doadores falecidos com critérios expandidos. Complicações como fístula arteriocalicinal (FAC) e pseudoaneurisma são raras, mas podem levar a desfechos severos como o sangramento maciço potencialmente fatal ou a perda do enxerto. Material e método: relato de caso de fístula arteriocalicinal (FAC) e posterior formação de pseudoaneurisma renal em receptor de transplante renal pediátrico ocasionadas pela biópsia no momento da captação do enxerto. Resultados: K.F.B, masculino, 16 anos, diagnóstico válvula de uretra posterior, transtorno do espectro autista e síndrome epiléptica, submetido ao segundo transplante renal (TxR) doador falecido, 52 anos, sexo feminino, óbito por hipertensão intra-craniana após abordagem cirúrgica de meningioma, creatinina pré captação 1mg/dL. Durante o transplante, receptor apresentou sangramento volumoso e pulsátil via ureteral após o desclampeamento arterial caracterizando FAC em local de biópsia pré implantação. Realizada compressão local e sutura até hemostasia e posterior reimplante ureteral em mucosa vesical. Optado por passagem de um cateter de Fogarty na pelve renal exteriorizado pela uretra como mecanismo de segurança para controlar provisoriamente uma possível recidiva do sangramento. Evoluiu com função retardada do enxerto, necessidade de hemodiálise no 1º pós-operatório (PO) por hipercalemia e anuria. Ultrassom doppler demostrou fluxos presentes em artéria e veia renal e dois pontos de fluxo turbilhonado e alta velocidade envolvendo artérias segmentares, interpretados inicialmente como fístulas arterio-venosas. Angiotomografia realizada no 11º PO descartou a presença de fístulas e caracterizou um pseudoaneurisma de 0,5cm em terço médio/inferior do enxerto. Submetido a embolização seletiva do ramo da artéria renal interlobar inferior com molas no 25º PO com melhora da função renal e aumento progressivo da diurese após o procedimento. Última hemodiálise no 30º PO, taxa de filtração glomerular estimada pela fórmula de Schwartz atual de 48ml/min/1,73m2 no 90º PO do transplante. Discussão e conclusão: O presente caso traz duas complicações raras e sequenciais após a biópsia no momento da captação e que ocorreram possivelmente pela localização inadequada da punção em região próxima ao hilo renal. O manejo cirúrgico, clínico e endovascular adequados possibilitaram a preservação do enxerto com função renal adequada atual.
Palavras Chave
transplante renal, biópsia renal pré implante, pseudoaneurisma, fístula arteriocalicinal
Área
Transplante
Instituições
Instituto da Criança - Hospital das Clínicas (FMUSP) - São Paulo - Brasil
Autores
WELLINGTON LINS DE ALENCAR FILHO, POLIANA SAMPAIO OLIVEIRA, ANDRE LUIS DE MELLO MARTINEZ, AFFONSO CELSO PIOVESAN, FERNANDA UCHIYAMA, CAMILA CARDOSO METRAN, ANDREIA WATANABE, SILVIA MARIA SUCENA DA ROCHA, VITOR DE JESUS COSTA BARROS, ISABELA MORALES COZETO